(Pel Caç Nat 60 )

sexta-feira, 12 de março de 2010

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P62: Fragmentos da vida

Mensagem do Plácido Teixeira da C. cav 3365 S. Domingos 71/73:

Com data de 11 de Março de 2010

A viver nos Estados Unidos:

Boston,








Fragmentos da vida




Lembro-me ainda dos dias em que ia e vinha da escola .A saudade que

tenho, quando de manha a minha mae me chamava.
Levantava-me entao com o frio de Tras os Montes. Vestia-me e

sentava-me a mesa para tomar o pequeno almoco. Tenho saudades dos

carinhos da minha mae, do amor que meu pai me dava. Lembro-me com

tristeza dos amigos de Liceu, que nunca mais encontrei. Lembro

eternamente com saudade as amigas e amigos de escola, dos dias de

sol, do nevoeiro nas altas montanhas. Lembro a minha terra, a minha

escola, as ruas onde passei e os campos das minhas bricadeiras. Quando

com o meu cao, ia apanhar grilos.
Lembro esse tempo com saudade, com ternura e tristeza. Disse, um

dia, adeus a tudo o que me viu crescer. A minha casa, os vizinhos, o

meu cao e ate o Ceu frio de Tras os Montes. A Escola primaria da

Estacao o velho Liceu, os Correios onde eu depositava as cartas das

namoradas ou amigas de Escola.
Um dia parti e chorei. Tive saudades..Para tras ficaram os dias frios

Transmontanos, o amor eterno da minha mae, o cantar nas arvores dos

passaros livres. Das borboletas que voavam de flor em flor. Parti fui

para a tropa. .
Fui para o Ultramar e sobrevivi. Passei maus bocados. Tive dor,

tristeza e saudade, mas resisti. Enfrentei maus pensamentos, invejas e

tirania. Mas venci. Regressei do Ultramar. Depois foram os Correios e a

Caixa. Portugal era um Pais sem futuro, eu queria Liberdade, Liberdade

onde eu pudesse seguir a minha Fe e os meus ideais. Foi novamente a

Escola para um futuro em frente. Nos Estados Unidos da America, fiz a

minha nova terra sem esquecer Portugal. Apanhei do chao, todas as

migalhas da vida, pu-las aos meus ombros e fui em frente!
Os Hebreus, tiveram sempre com eles as tabuas partidas da lei que D.s

deu a Moises .Carregaram os pedacos bem como as novas que D.s deu a

Moshe depois de ele ter atirado para o chao e partido, quando desceu e

viu os Hebreus a adorar a vaca de ouro. Carregaram-nas e andaram pelo

deserto. Como eles segui em frente, Hebreu filho de Avraham, carregando

comigo os fragmentos da vida, o bom e o mau. Procurando a minha terra

prometida. D.s deu-me os meus filhos. A eles passo a

responsabilidade de seguir a minha fe, carregar aos ombros os problemas

, os fragmentos da vida. Nao desesperar, mas ter coragem e seguir em

frente. Enfrentar quem nos confronta , insulta e quer mal!! Ter

coragem e orgulho do sangue que corre nas veias. Respeitar os outros,

amar os indefesos, matar a fome a quem tem fome, ajudar os idosos,

tratar com dignidade quem nao se sabe exprimir e ajudar a quem pede

ajuda. Ser persistente e ter coragem. No deserto incognito da vida,

eu afinal tambem tive a minha jornada. Europa, Africa e America. Valeu

a pena? Tudo vale a pena se a alma nao e pequena!! Placido

Nota:
do M. Seleiro.

Caro Plácido:
Fasso referéncia ao teu pedido para puvlicar junto com o texto, um

vídio sobre (Religião):
Uma vez que a temática do blogue, foi a guerra na Guiné...
Para evitar futuras reacções adversas e alguma polémica achei por bem

não publicar o vídio.
Um abraço,



_

2 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Plácido
Ao ler o teu texto, que revela a tua extraordinária história de vida, vêm-me à memória as lembranças da minha infância, que foi perto do mar e com um campo de futebol à porta de casa, de modo que os meus tempos livres eram passados entre a praia e o futebol. E ainda me lembro que na minha adolescência, a seguir às vindimas, ía ao rabisco da uva para ganhar dinheiro para ir ver a Volta a Portugal em Bicicleta a Tavira, onde havia sempre uma prova importante, em Agosto. Só sei que nunca falhei uma volta, até ir para a maldita tropa. Sinto nostalgia desse tempo. É como regressar à nossa infancia, e sentir que crescemos precocemente, porque aos 18 anos todos os jovens tinham de ir à Inspecção Militar - chamava-se ir às sortes - e havia alguns, invalidos, ou filhos de gente influente no Regime Fascista, que se safavam, mas a maioria, a partir daí, passava a ser um "objecto" de que o Estado Português dispunha. Passado pouco tempo eramos arrancados à força do nosso ninho e davam-nos uma guia de marcha para cumprir o Serviço Militar Obrigatório. Aí era-nos feita a "lavagem ao cerebro", e exercícios militares, durante uns meses, para nos ensinarem a matar quem nunca nos fez mal, e a interiorizar que tudo era feito em "Defesa da Pátria". E passado pouco tempo eramos "despachados" e "catalogados", como se fossemos material de guerra, e embarcados num navio com destino à Guerra Colonial em Africa. A partir dessa altura passavamos a ser considerados um simples número na Guerra.

Um forte abraço de sincera amizade, desde os tempos em que seguimos no mesmo barco.

Bernardino Parreira

PT disse...

Meu amigo Parreira
Sabes, um homem e como uma planta.Nasce cresce e morre.E tudo criacao de D.s.A planta nasce cresce da flor fica amarela e morre.O homem e assim tambem.Pelo caminho vai pisando pedras,enfrentando tempestades e subindo montanhas. O ideal e vencer todos esses obstaculos.Por vezes o homem e transplantado para outros lugares. O homem por vezes e esacrificado por ditadores comprados com dinheiro barato de pessoas sem escrupulos e nao e isso tambem que acontece a uma bonita e florida planta?Meu amigo e isso que eu tentei por no meu texto. Os ditadores Portugueses, pararam de regar a nossa juventude e como tal a flor que nos fomos, deixou temporariamente de florir!!ateter vindo o Sol de Abril