(Pel Caç Nat 60 )

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P26: Natal de 69 S. Domingos







[Guiné]

Natal de 69 S. Domingos, Guiné.
Faz hoje quarenta anos:
Dia 24 de Dezembro, bastante actividade, as informações davam conta de grande movimento do In na zona de S. Domingos.
O Natal era sempre uma data a ter em conta:
Por essa razão havia que reforçar a segurança, essa missão foi entregue ao pelotão de caçadores nativos 60 e ao pelotão de artilharia…
Os dois Obuses que estavam instalados no topo do quartel e apontados para a fronteira do Senegal foram reforçados com o morteiro 81 mais dois morteiros 60…
E a noite de Natal foi assim partilhada com o pessoal da artilharia e alguns elementos da CCav 2539.
As sentinelas foram reforçadas estiveram envolvidas mais de cinquenta homens.
O Jantar foi como manda a tradição, batatas com bacalhau e couves, a companhia de cavalaria 2539 foi benemérita ofereceu uma garrafa de cerveja das grandes para cada homem, uma garrafa de brandi para cada mesa…
Por volta das duas horas da manhã já se ouvia a aqui e acolá alguns cantos e vozes alteradas era o efeito do álcool, as saudades que fazia o coração ser mais sentimental…
Era o momento em que as recordações tocavam mais fundo, mesmo nos corações mais duros, as recordações dos pais e da esposa e da namorada os amigos e os familiares.
E a saudade da sua aldeia natal.
A noite avançava lenta e monótona o cansaço era já patente nos rostos dos homens, a manhã raiava com ela o despertar dos pássaros, dos animais e das gentes das aldeias nativas…
O In resolveu não nos brindar com os seus canhões sem recuo, os seus morteiros 82 os RPG e as armas automáticas…
Todo este aparato nesta noite de Natal tem haver com o ataque feito na noite de trinta de Novembro, cerca das 00:05 minutos.
A hora em que ocorreu o ataque, apanhou toda a gente a dormir, a reacção ao In foi muito demorada pelo o nosso lado.
Quando as NT reagiram com as armas pesadas já o In tinha feito fogo durante vinte minutos, com todo o tipo de armas pesadas.
Usando pela primeira vez canhões sem recuo a menos de 350m do quartel…
O ataque durou cerca de trinta e cinco minutos, mas não houve feridos, uma vez que toda a gente estava enfiada nos abrigos.
Houve dois feridos do nosso lado, mas por acidente com uma bazuca.
O In já se dava ao luxo de atacar o quartel S. Domingos durante o dia.
Uma tarde por volta das 15h37min o In atacou em força, tanto do lado do cupilon, e ao fundo da pista como da ponta do inglês, …
Nesse ataque foram utilizadas granadas com espoleta retardada.
Ou seja as granadas entravam até a profundidade de um metro e explodiam.
Começou uma certa apreensão, já ninguém queria ficar nos abrigos…
Alguém pedio a intervenção da força aérea, mas não foi da parte do quartel:
Tinha sido o agente da PIDE DGS, só ele o podia fazer porque tinha um transmissor de ondas curtas.
Com a chegada da força aérea, o pelotão de caçadores nativos encontrava-se fora do quartel e sem comunicações o que podia trazer graves problemas, porque os pilotos não sabiam a nossa posição…
A presença da FAP pôs termo ao ataque, nós o pelotão de caçadores nativos 60 é que não ganhamos para o susto…
Natal de 69 na Guiné

Manuel Seleiro
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