(Pel Caç Nat 60 )

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P131: Poesia Pequena elegia de setembro

Pequena elegia de setembro Não sei como vieste, mas deve haver um caminho para regressar da morte. Estás sentada no jardim, as mãos no regaço cheias de doçura, os olhos pousados nas últimas rosas dos grandes e calmos dias de setembro. Que música escutas tão atentamente que não dás por mim? Que bosque, ou rio, ou mar? Ou é dentro de ti que tudo canta ainda? Queria falar contigo, dizer-te apenas que estou aqui, mas tenho medo, medo que toda a música cesse e tu não possas mais olhar as rosas. Medo de quebrar o fio com que teces os dias sem memória. Com que palavras ou beijos ou lágrimas se acordam os mortos sem os ferir, sem os trazer a esta espuma negra onde corpos e corpos se repetem, parcimoniosamente, no meio de sombras? Deixa-te estar assim, ó cheia de doçura, sentada, olhando as rosas, e tão alheia que nem dás por mim. Eugénio de Andrade

1º Cabo CAÇADOR
Manuel Seleiro
Pelotão de Caçadores Nativos 60
São Domingos/Ingoré/Susana.


68/74

_

3 comentários:

Anónimo disse...

O meu amigo Seleiro, gosta tal como eu de Eugénio de Andrade e que belo e comovente poema escolheu ...! Este toca a qualquer um bem fundo na alma e no coração.

Um beijinho

Anónimo disse...

Esqueci-me de assinar, Maria Teresa Parreira

Manuel Seleiro disse...

Boa tarde amiga Teresa.

Gosto de Eugénio de Andrade.
Os poemas dele tem sensibilidade e perfundidade...
Tocam-nos muito'.
A amiga Teresa tem bom gosto.
Obrigado,'
Bjs,

M. Seleiro.
... ...