(Pel Caç Nat 60 )

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P54: Poesia Chamam-te Rosa, minha preta formosa,





Rosa

Rosa.

Chamam-te Rosa, minha preta formosa,

E na tua negrura

Teus dentes se mostram sorrindo.

Teu corpo baloiça, caminhas dançando,

Minha preta formosa, lasciva e ridente

Vais cheia de vida, vais cheia de esperança

Em teu corpo correndo a seiva da vida

Tuas carnes gritando

E teus lábios sorrindo...

Mas temo a tua sorte na vida que vives,

Na vida que temos..

Amanhã terás filhos, minha preta formosa

E varizes nas pernas e dores no corpo;

Minha preta formosa já não serás Rosa,

Serás uma negra sem vida e sofrente,

Serás uma negra

E eu temo a sua sorte.

Minha preta formosa não temo a tua sorte,

Que a vida que vives não tarda a findar...

Minha preta formosa, amanhã terás filhos

Mas também amanhã...

... amanhã terás vida!

Amílcar Cabral (Cabo Verde) in Revista "Mensagem",

Ano I, nº 6, Janeiro de 1949

4 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Seleiro

Que poema tão bonito, que eu não conhecia!
Amilcar Cabral era um Homem Culto e um Grande Ser Humano.
Estou convicta que se não tivesse sido assassinado a Guiné tinha tido um futuro de Paz e Progresso, no Pós-Independência.
Um abraço
Maria Teresa

Manuel Seleiro disse...

Realmente é um lindo poema.
A mulher africana merece este poema...
Pela sua luta desde a guerra aos dias de hoje.
Um abraço amiga.

Manuel Seleiro

PT disse...

Amilcar Cabral, era casado com uma raparigada aldeia do meu pai e que com ele andou na escola. Lembro-me de quando era pequeno,ia para a aldeia visitar a minha avo e tias e lembro-me de ouvir falar, as vezes com com um tom racista la na aldeia que ela andava com um preto.Soube ja depois de adulto que era o Sr. Cabral.
O Snr. Cabral foi uma pessoa inteligente e organizada. Nao sei se ele tivesse vivido, a Guine estivesse em melhor situacao, porque lutar e uma coisa, governar e diferente.

Manuel Seleiro disse...

Penso que era um homem com outra visão da realidade da Guiné.
Da política e da cultura...
Ou então...!
Um abraço amigos.

Manuel Seleiro