(Pel Caç Nat 60 )

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P52: Memórias do Tempo Passado.











Memsagem do Plácido Teixeira da C. cav 365 S. Domingos 71/73.

Com data 06 02 2010:

A viver nos Estados Unidos:
Boston


Memórias do tempo Passado.





Desde que disse ao meu filho que estive em Africa, que andei la como

militar, a curiosidade dele em saber mais, e enorme !!.
As perguntas sao incessantes e continuas. A Africa, a guerra, o que

fazia, etc.!!
Por vezes ja nao consigo responder a tanta pergunta. Fico cansado e

por vezes, peco-lhe ate para deixar algumas perguntas para o dia

seguinte.
Disse-lhe o que foi a guerra e qual foi a razao. Expliquei como se

vivia com o perigo.! Como viviam os nativos e como nos os respeitava-

mos como seres humanos, tal e qual como eramos nos. Que genero de

Governo havia em Portugal nessa altura. Que escuro era o nosso Pais

onde nao havia liberdade. Um pais que tinha um Governo que chamava de

""Marranos"" as pessoas com a nossa Fe, Que no servico militar

obrigatorio nao interessava se fossem Marranos, doentes, ciganos ou

outras minorias. Eram todos obrigados a ir para a tropa de onde nao

se podia sair. Enviados para o degredo, para longe da familia, em

Africa.
Contei-lhe como foi a nossa vida na Guine, das privacoes,

limitacoes, abandono e ignorados pelo mesmo Governo!.
Disse-lhe que Portugal era um pais de fome e de pobreza, sem o minimo

respeito pela dignidade humana. Que nao havia democracia e direitos

humanos, que nao havia direito a voto, que nao se podia escolher os

Governantes. Que muitas pessoas roubavam para matar a fome aos flhos e

poder sobreviver.
Disse-lhe que Portugal, nessa altura, nao tinha um Governo legitimo e

como tal, era repudiado, nao era reconhecido pela maioria do Mundo

livre. Que Portugal nao podia comprar armamento, para a nossa defesa,

pois ninguem as vendia a Portugal. Contei-lhe do arame farpado que me

fazia lembrar um campo de concentracao!! Ele, sabe bem da historia e

do passado Nazi, pelo qual esse mesmo Governo teve admiracao!! Ele

aprendeu na escola os crimes cometidos contra um povo, do qual

fazemos parte, somente porque acreditamos num so D.s!!!! Contei-lhe

que esse Governo, tirou alimentos aos Portugueses, para vender aos

Nazis, que esses alimentos foram pagos com o ouro roubado das vitimas

dos campos de concentracao!! Crimes esses que a humanidade e o Mundo

moderno, nao pode negar!!. Contei-lhe das necessidades e privacoes, das

amizades de pessoas que nos respeitaram. Disse-lhe que em 39 anos, eu

nunca falei disto a ninguem, talvez por respeito a mim proprio ou

porque nao queria que outros soubessem o que foi o sofrimento em

Africa. Disse-lhe que antes de eu fechar este assunto para sempre,

era finalmente altura de lhe contar .
Depois de lhe explicar tanta coisa, ele olhou para o chao, houve

silencio e ficou assim algum tempo. Depois um sorriso e um abraco.
Olhou para mim e disse-me, nem sei como o teu pai te deixou ir!!.
As lagrimas estavam nos olhos dele e eu nao pude conter as minhas.
As criancas tambem nos dao licoes de vida, alem das licoes de amor, que

nos dao diariamente. Acredito que o melhor que se pode deixar aos

filhos, sao memorias, o tempo passa, mas as memorias ficam eternamente.

Dedico esta mensagem com homenagem a todas as vitimas da guerra inutil,

injustificada e de terror politico
Meus amigos bem hajam!



Nota:
Vídio enviado pelo Plácido Teixeira.
Carta de um pai para um filho.


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Nota:
Do Bernardino Parreira Ex Fur Mil da C. cav 3365 S. Domingos 71/73.



Meu Grande Amigo Placido
A forte emoção que tive ao ler este texto deixou-me sem palavras.

Comove até às lágrimas! Ouvir da boca de uma criança a exclamação "não

sei como o teu pai te deixou ir"!! Trespassa-nos o coração. Meu D.s, as

crianças pensam que os pais os protegem sempre, e nós às vezes ficamos

sem resposta...
Este texto está Excelente, ensina miúdos e "graúdos". B.Parreira


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5 comentários:

Manuel Cataluna disse...

Caro Plácido já nos abituou a excelentes textos como este.
Como diz o Parreira na mensagem que enviou hoje para mim...
Que é um diálgo do passado e futuro, entre o filho e pái.
E fáz uma excelente descrição das fotografias.
Ha! diz que ia para o futebol...
lool!!

Um abraço, para os amigos.

Manuel Seleiro

PT disse...

Amigo Seleiro
Nao ha problema a vida e assim. Muito obrigado pelo comentario e um abraco amigo
Placido

Anónimo disse...

Meus amigos

Considero que ao deixarmos as nossas memórias aos nossos filhos, é como se deixassemos "pedaços vivos" da nossa existência. Porque, para onde quer que eles vão, em qualquer situação, têm-nos sempre como referência, e lembrar-se-ão dos seus pais, e das experiências por eles vividas e contadas. Certamente, dessas memórias, muitas vezes, vão tirar lições para a vida.
A riqueza de conhecimentos que o Plácido transmite ao filho, e a quem lê estas narrativas, é muito abrangente, e apetece-nos sempre ler mais, e mais..., mas fica sempre tanto por contar...!
A minha gratidão ao amigo Plácido por partilhar connosco as suas memórias, e os seus ternos diálogos com o filho, e ao amigo Seleiro, autor e editor deste Blog pela cedência do espaço.

Abraços para ambos,
do amigo

Bernardino Parreira

Anónimo disse...

Este vídeo está muito bem inserido neste contexto, do diálogo do Sr. Plácido com o filho.
Um dia este menino vai recordar-se das histórias que o pai lhe contou.
Por vezes é necessário mergulharmos nas profundezas da vida para reconhecermos certos provérbios como "de velho se torna a menino" e "filho és pai serás".
Se pensarmos que os nossos pais já foram os nossos Anjos da Guarda, porque não seremos agora nós os Anjos da Guarda deles? Porque não nos sentamos à sua beira a contar-lhe as histórias que eles nos ensinaram e que, por certo, gostariam de ouvir, e sentir, que não foram esquecidas por nós?
Parabéns Sr. Plácido por este despertar de consciencias!
Parabéns também ao Sr. Seleiro por veicular no seu Blog temas tão pertinentes.
Maria Teresa

Manuel Seleiro disse...

Caros amigos:
O Plácido já nos abituou, a estes textos cheios de ternura.
São grandes lições de amor e de sentimento.
Quanto a minha partcipaçção é fazer o melhor, para servir os amigos e leitores do blogue.
Um abraço para os amigos.

Manuel Seleiro