segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P89: - Mensagem de (NATAL)
Há de ser o Natal um grande momento de paz.
Coro Infantil De Santo Amaro De Oeiras-A
">natal de Élvas
Desejamos um feliz (NATAL.)
É Natal. Mantenha bem viva a esperança no futuro. Boas Festas.
¡Feliz, feliz Natal, a que faz que nos lembremos das ilusões de nossa
infância, recorde-lhe ao avô as alegrias de sua juventude, e lhe transporte
ao viajante a sua chaminé e a seu doce lar! (Charles Dickens)
1. º Primeiro Cabo Caçador:
Manuel Seleiro,
(GUINÉ)
68/70
(DFA)
_
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Feliz Natal,
Mensagem de Natal
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P88: A (PAZ)
A paz
(DESEJAMOS UM FELIZ NATAL)
jinglebells
clique aqui,
A Paz é uma flor .
E quando essa flor murcha
Quer dizer guerra . E nós
não gostamos da guerra, pois não?
Mas para não ficar murcha
tem de se regar.
Por isso tratem bem
essa planta.
Nuno Jan 2001
EB S. João-Ovar
**
1. º Primeiro Cabo Caçador.
Pelotão de Caçadores Nativos 60:
Guiné - 68/74
(S. Domingos/Ingoré.)
(DFA.)
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Poema
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P86: Editorial
Editorial
por Direcção Nacional
Da Força
Fazemos
Bandeira!!!
Afinal porque estivemos tantos na AGNE na Academia Militar na Amadora?
Foi para reforçar a nossa coesão associativa, foi para reivindicar/reafirmar os nossos direitos, a nossa auto-estima e irradiá-la por todo o Portugal, aos camaradas que estão lá longe em África e aqueles que por razões de varia ordem se encontram em solidão, doentes e já com famílias desestruturadas.
Também lá estivemos porque a instituição militar reconhece o nosso esforço e sacrifício durante a participação na guerra. Passados tantos anos ainda estamos jovens cheios de força, cheios de utopias, nós soldados, milicianos e militares oriundos do quadro permanente, que na bela tarde de sábado discutimos a estratégia da ADFA, reivindicando os nossos direitos neste difícil período de crise social, económica e financeira.
Foi durante a guerra que aprendemos a dividir bem, a pouca água do cantil, as balas do carregador e até a cerveja quando chegávamos ao quartel… Soubemos gerir a ansiedade e o medo. Crise já nós passámos, porque para não morrermos tivemos de matar; crise passámos nós após o acidente na picada, na bolanha, isso está bem registado no nosso cérebro! Crise, também, vivemos quando chegámos feridos ao Hospital Militar.
Foi um longo período que vivemos a tratar da nossa reabilitação e integração social. Também com o nosso esforço e sacrifício chegou a liberdade e democracia com o 25 de Abril, e foi assim, determinados, que decidimos pegar em mãos os nossos destinos e por isso fundámos a ADFA em 14 de Maio de 1974, o nosso verdadeiro Estado Social. Ela foi, é e será sempre a nossa trave mestra, no “edifício” da dignidade que diariamente prosseguimos. Reconheçamos o valioso contributo da AGNE, ali a solidariedade não foi palavra vã. Valor que nunca rejeitaremos. A tolerância, o pluralismo e a máxima da ADFA em afirmar o poder soberano das Assembleias Gerais.
Toda esta experiência de afirmação, emoções e sentimentos faz-nos acreditar sem medos, que saberemos resistir neste momento complexo e gravíssimo da vida de Portugal.
É agora necessário estar muito atento à discussão do orçamento de estado, vamos estar proactivos, temos de perceber e estar solidários com os cidadãos que integram as minorias, estes estão vulneráveis e temos muitos camaradas nessa situação.
A ADFA deve continuar a afirmar-se sem hesitação, como organização representativa dos Deficientes Militares, ONG parceira e responsável e exigir ao Estado o direito à plena reparação moral e material de que somos credores.
Fonte: jornal Elo.
1- º cabo Manuel Seleiro
(DFA)
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por Direcção Nacional
Da Força
Fazemos
Bandeira!!!
Afinal porque estivemos tantos na AGNE na Academia Militar na Amadora?
Foi para reforçar a nossa coesão associativa, foi para reivindicar/reafirmar os nossos direitos, a nossa auto-estima e irradiá-la por todo o Portugal, aos camaradas que estão lá longe em África e aqueles que por razões de varia ordem se encontram em solidão, doentes e já com famílias desestruturadas.
Também lá estivemos porque a instituição militar reconhece o nosso esforço e sacrifício durante a participação na guerra. Passados tantos anos ainda estamos jovens cheios de força, cheios de utopias, nós soldados, milicianos e militares oriundos do quadro permanente, que na bela tarde de sábado discutimos a estratégia da ADFA, reivindicando os nossos direitos neste difícil período de crise social, económica e financeira.
Foi durante a guerra que aprendemos a dividir bem, a pouca água do cantil, as balas do carregador e até a cerveja quando chegávamos ao quartel… Soubemos gerir a ansiedade e o medo. Crise já nós passámos, porque para não morrermos tivemos de matar; crise passámos nós após o acidente na picada, na bolanha, isso está bem registado no nosso cérebro! Crise, também, vivemos quando chegámos feridos ao Hospital Militar.
Foi um longo período que vivemos a tratar da nossa reabilitação e integração social. Também com o nosso esforço e sacrifício chegou a liberdade e democracia com o 25 de Abril, e foi assim, determinados, que decidimos pegar em mãos os nossos destinos e por isso fundámos a ADFA em 14 de Maio de 1974, o nosso verdadeiro Estado Social. Ela foi, é e será sempre a nossa trave mestra, no “edifício” da dignidade que diariamente prosseguimos. Reconheçamos o valioso contributo da AGNE, ali a solidariedade não foi palavra vã. Valor que nunca rejeitaremos. A tolerância, o pluralismo e a máxima da ADFA em afirmar o poder soberano das Assembleias Gerais.
Toda esta experiência de afirmação, emoções e sentimentos faz-nos acreditar sem medos, que saberemos resistir neste momento complexo e gravíssimo da vida de Portugal.
É agora necessário estar muito atento à discussão do orçamento de estado, vamos estar proactivos, temos de perceber e estar solidários com os cidadãos que integram as minorias, estes estão vulneráveis e temos muitos camaradas nessa situação.
A ADFA deve continuar a afirmar-se sem hesitação, como organização representativa dos Deficientes Militares, ONG parceira e responsável e exigir ao Estado o direito à plena reparação moral e material de que somos credores.
Fonte: jornal Elo.
1- º cabo Manuel Seleiro
(DFA)
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terça-feira, 9 de novembro de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P85: Presença Africana.
Presença Africana
Presença Africana
E apesar de todo,
ainda sou a mesma!
Livre esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou,
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou, a Irmã-Mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto...
A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendêm
nascendo dos abraços das palmeiras...
A do sol bom, mordendo
chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...
Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11! ... Rua 11...)
pelos meninos
de barriga inchada e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força deste dia...
E eu revendo ainda, e sempre, nela,
aquela
longa história inconsequente...
Minha terra...
Minha, eternamente ...
Terra das acácias, dos dongos,
dos colios baloiçando, mansamente...
Terra!
Ainda sou a mesma.
Ainda sou a que num canto novo
pura e livre
me levanto,
ao aceno do teu povo!
Alda Lara
_
Presença Africana
E apesar de todo,
ainda sou a mesma!
Livre esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou,
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou, a Irmã-Mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto...
A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendêm
nascendo dos abraços das palmeiras...
A do sol bom, mordendo
chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...
Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11! ... Rua 11...)
pelos meninos
de barriga inchada e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força deste dia...
E eu revendo ainda, e sempre, nela,
aquela
longa história inconsequente...
Minha terra...
Minha, eternamente ...
Terra das acácias, dos dongos,
dos colios baloiçando, mansamente...
Terra!
Ainda sou a mesma.
Ainda sou a que num canto novo
pura e livre
me levanto,
ao aceno do teu povo!
Alda Lara
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné - 68/74 - P84: Podia resultar em (tragédia .)
Guiné/S.Domingos ano de 69.
Equipa de minas/armadilhas:
Conpanhia de cavalaria, 2539/69/71.
Pelotão de Caçadores Nativos 60/68/74:
Equipa de minas/armadilhas, a pousar para a fotografia.
Num dos raros momentos de descontração.
Na foto estão alguns dos elementos do pel caç nat 60 e o Ex Alf Mil Paiva da CCAV 2539, 1. ºcabo Seleiro (caçador)do pel caç nat 60 e os dois elementos da (Daimlér).
Podia resultar em tragédia a montagem de um (FORNILHO) no início da picada S.Domingos/Senegal .
Foram necessárias três longas horas .
O fornilho tinha 5 metros de cumprimento as cargas estavam com intervalos de dois metros .
Ocupavam os dois lados da picada .
O total de explosibos, 20 cargas de 500 gramas de (TNT), duas granadas para armadilhas …
Foi aberto um buraco na picada de um lado e do outro com as seguintes dimensões:
Quarenta por 20, as granadas,foram colocadas na horizontal e encaixadas nas paredes do buraco, onde foi introduzida uma pequena ripa de madeira, que estava colocada nas duas argolas das granadas .
O mais difícil ía começar agora…
Era retirar as cavilhas de segurança !
A seguir era só fazer a camoflagem do local do fornilho.
E depois levantar a segurança do pessoal .
Já com todo o mundo a distância, era o momento de eu retirar…
E fazer uma última inspeção ao local do (FORNILHO)…
E depois retirar . No momento em que dei o primeiro passo fiquei sem pinga de (Sangue)… Tinha colocado o pé em cima do fornilho onde estavam as duas granadas, foram momentos dramáticos…
Todo o pessoal olhava para mim !
Já se deram conta de que o fornilho não tinha sido acionado ?
Depois foi tudo uma questão de tempo, e tirar o pé de dentro do buraco .
P.S.
Ha ! Já me esquecia, foram utilizados 20 (Detonadores, )vários metros de cordão detonante .
1.º Cabo Manuel Seleiro (CAÇADOR.)
Pel Caç Nat 60.
Guiné 68/70:
(DFA)
Explosão controlada pela equipa de minas/Armadilhas .
_
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P83: Dois Batelões no rio Cacheu.
Dois Batelões no rio Cacheu.
Doulce Pontes,
Canção do Mar
Dois batelões junto a a S. Vicente, aguardando que a maré subisse para descarregar.
O Pel Caç Nat 60 ficou a qui toda a noite na margem do rio, a fazer segurança...
Ano de 69 estávamos em Ingoré.
Acontecia que muitas vezes vínhamos de Ingoré a ver se os batelões se encontravam no rio para fazer a dita segurança mas os mesmos não se encontravam por perto.
Acabávamos por passar ali a noite...
E os ditos batelões só chegávam dois ou três dias depois.
Conclusão: falta de (Organização...
Ah! falta de método.
Não é verdáde meus Senhores?
E os batelões aqui á espera, e nós também...
Era a boa organização dos nossos chefes.
...:hein!
1.ºCabo Manuel Seleiro.
Especialidade de (Caçador).
68/70*
(DFA)
_
Doulce Pontes,
Canção do Mar
Dois batelões junto a a S. Vicente, aguardando que a maré subisse para descarregar.
O Pel Caç Nat 60 ficou a qui toda a noite na margem do rio, a fazer segurança...
Ano de 69 estávamos em Ingoré.
Acontecia que muitas vezes vínhamos de Ingoré a ver se os batelões se encontravam no rio para fazer a dita segurança mas os mesmos não se encontravam por perto.
Acabávamos por passar ali a noite...
E os ditos batelões só chegávam dois ou três dias depois.
Conclusão: falta de (Organização...
Ah! falta de método.
Não é verdáde meus Senhores?
E os batelões aqui á espera, e nós também...
Era a boa organização dos nossos chefes.
...:hein!
1.ºCabo Manuel Seleiro.
Especialidade de (Caçador).
68/70*
(DFA)
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São Domingos
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P82: Poesia, É tempo, companheiro
É tempo, companheiro! Caminhemos ...
Longe, a Terra chama por nós,
e ninguém resiste à voz
Da Terra ...
Nela,
O mesmo sol ardente nos queimou
a mesma lua triste nos acariciou,
e se tu és negro e eu sou branco,
a mesma Terra nos gerou!
Vamos, companheiro ...
É tempo!
Que o meu coração
se abra à mágoa das tuas mágoas
e ao prazer dos teus prazeres
Irmão
Que as minhas mãos brancas se estendam
para estreitar com amor
as tuas longas mãos negras ...
E o meu suor
se junte ao teu suor,
quando rasgarmos os trilhos
de um mundo melhor!
Vamos!
que outro oceano nos inflama.. .
Ouves?
É a Terra que nos chama ...
É tempo, companheiro!
Caminhemos ...
ALDA LARA
_
1.º Cabo(CAÇADOR).
Manuel Seleiro,(DFA)
68/70
_
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companheiro,
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sábado, 4 de setembro de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné - 68/74 - P81: Mais uma foto Junto ao rio (cacheu).
S. vicente, rio Cacheu.
Ano de 69*
Este eu atravessei a nado.(Duvida?)
Manuel Seleiro,
Primeiro Cabo (Caçador).
DFA,
_
Ano de 69*
Este eu atravessei a nado.(Duvida?)
Manuel Seleiro,
Primeiro Cabo (Caçador).
DFA,
_
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terça-feira, 31 de agosto de 2010
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P79: Infância
Infância
Eu corria através dos bosques e das florestas
Eu com o ruído vibrante de um bosque desvendado,
Eu via belos pássaros voando pelos campos
E parecia ser levado por seus cantos.
Subitamente, desviei os meus olhos
Para o alto mar e para os grandes celeiros
Cheios da colheita dos bravos camponeses
Que, terminando o dia, regressavam à noite entoando
Canções tradicionais das selvas africanas
Que lhes lembravam os ódios ardentes
Dos velhos. Subitamente, uma corça gritou
Fugindo na frente dos leões esfomeados.
Aos saltos, os leões perseguiram a corça
Derrubando as lianas e afugentando os pássaros.
A desgraçada atingiu a planície
E os dois reis breve a alcançaram.
Antônio Baticã Ferreira
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74-P 78: Sempre fui vaguemestre c/ umas interrupções: Sedengal e Ingoré
Mensagem do Ex Fur Mil João Manuel Félix, CCAV. 2539 S.Domingos 69/71.
Com data de 22-06-2010:
Sempre fui vaguemestre c/ umas interrupções: Sedengal e Ingoré enquanto
aguardava transferência.
Estava ameaçado/condenado desde o IAO. E a Razão de (não) dar comida às
crianças junto do arame farpado , tendo como consequência reduzir as
quantidades das ementas, ordem que não cumpri, serviu de pretexto ao Sr.Capitão Correia
para dar satisfação ao seu desejo.
Em Guidage, por vontade própria, até saí para o Pelotão de Balantas e ida a
operação a Samboiá, desarmado, fazer fotos.
Não gostei e regressei e criei o posto de Vaguemestre2 pois a situação de
Compª. e Destacamento de BINTA, assim exigia.
Acrescento que cumpri 744 dias "dela" ; não tive qualquer problema
disciplinar com a Alimentação.
O camarada que rendi em Guidage, +velho que eu, teve Auto levantado; viveu
com a mulher em Bissau porque só pode regressar em 1972 com 10 dias de
detenção e quase 4 anos de Guiné.
E só dei um tiro, na Guiné, com aquela Mauser, de mira telescópica,
capturada, que estava no Quaresma.
E matei... a cabra do cipaio que tinha transposto o arame farpado.
Matei, paguei, não comi e subi na escala de consideração (negativa) do Sr.
Cap. Correia tendo, ipso facto, aumentado o contributo para ser transferido. Se
calhar até era o que eu desejava: aquilo lá em S.D. não era vida p'ra mim.
E mais não disse....
jmfélixdias ex-Vaguemestre da CCAV.2539 (S. Domingos) e C.CAÇ.3
(Binta/Guidage) 212316862 alcochete
Nota de M. Seleiro:
Permitam-me dizer alguma coisa sobre este texto.
Tem muito de simplicidade, Humanismo quando este homem dava comida as crianças de S.Domingos.
Por isso o comandante da sua conpanhia, lhe perguntou:
Se sobra tanta comida, porque não cortas na alimentação dos soldados...
Resoltou que o Félix foi castigado, sendo transferido para Binta/Guidage, cerca de 12 mêses.
_
terça-feira, 22 de junho de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P77: O Ultimo Adeus Dum Combatente
O Ultimo Adeus Dum Combatente
Naquela tarde em que eu parti e
tu ficaste
sentimos, fundo, os dois a mágoa
da saudade.
Por ver-te as lágrimas sangrarem
de verdade
sofri na alma um amargor quando
choraste.
Ao despedir-me eu trouxe a dor
que tu levaste!
Nem só o teu amor me traz a
felicidade.
Quando parti foi por amar a
Humanidade
Sim! foi por isso que eu parti e
tu ficaste!
Mas se pensares que eu não parti
e a mim te deste
será a dor e a tristeza de
perder-me
unicamente um pesadelo que
tiveste.
Mas se jamais do teu amor posso
esquecer-me
e se fui eu aquele a quem tu mais
quiseste
que eu conserve em ti a esperança
de rever-me!
Vasco Cabral
Naquela tarde em que eu parti e
tu ficaste
sentimos, fundo, os dois a mágoa
da saudade.
Por ver-te as lágrimas sangrarem
de verdade
sofri na alma um amargor quando
choraste.
Ao despedir-me eu trouxe a dor
que tu levaste!
Nem só o teu amor me traz a
felicidade.
Quando parti foi por amar a
Humanidade
Sim! foi por isso que eu parti e
tu ficaste!
Mas se pensares que eu não parti
e a mim te deste
será a dor e a tristeza de
perder-me
unicamente um pesadelo que
tiveste.
Mas se jamais do teu amor posso
esquecer-me
e se fui eu aquele a quem tu mais
quiseste
que eu conserve em ti a esperança
de rever-me!
Vasco Cabral
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sexta-feira, 11 de junho de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P76: (Sagrada esperança)
A quitandeira, poesia de Agostinho Neto
--------------------------------------------------------------------------------
Quitandeira
Agostinho Neto
A quitanda.
Muito sol
e a quitandeira à sombra
da mulemba.
- Laranja, minha senhora,
laranjinha boa!
A luz brinca na cidade
o seu quente jogo
de claros e escuros
e a vida brinca
em corações aflitos
o jogo da cabra-cega.
A quitandeira
que vende fruta
vende-se.
- Minha senhora
laranja, laranjinha boa!
Compra laranja doces
compra-me também o amargo
desta tortura
da vida sem vida.
Compra-me a infância do espírito
este botão de rosa
que não abriu
princípio impelido ainda para um início.
Laranja, minha senhora!
Esgotaram-se os sorrisos
com que chorava
eu já não choro.
E aí vão as minhas esperanças
como foi o sangue dos meus filhos
amassado no pó das estradas
enterrado nas roças
e o meu suor
embebido nos fios de algodão
que me cobrem.
Como o esforço foi oferecido
à segurança das máquinas
à beleza das ruas asfaltadas
de prédios de vários andares
à comodidade de senhores ricos
à alegria dispersa por cidades
e eu
me fui confundindo
com os próprios problemas da existência.
Aí vão as laranjas
como eu me ofereci ao álcool
para me anestesiar
e me entreguei às religiões
para me insensibilizar
e me atordoei para viver.
Tudo tenho dado.
Até mesmo a minha dor
e a poesia dos meus seios nus
entreguei-as aos poetas.
Agora vendo-me eu própria.
- Compra laranjas
minha senhora!
Leva-me para as quitandas da Vida
o meu preço é único:
- sangue.
Talvez vendendo-me
eu me possua.
- Compra laranjas!
(Sagrada esperança)
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Quitandeira
Agostinho Neto
A quitanda.
Muito sol
e a quitandeira à sombra
da mulemba.
- Laranja, minha senhora,
laranjinha boa!
A luz brinca na cidade
o seu quente jogo
de claros e escuros
e a vida brinca
em corações aflitos
o jogo da cabra-cega.
A quitandeira
que vende fruta
vende-se.
- Minha senhora
laranja, laranjinha boa!
Compra laranja doces
compra-me também o amargo
desta tortura
da vida sem vida.
Compra-me a infância do espírito
este botão de rosa
que não abriu
princípio impelido ainda para um início.
Laranja, minha senhora!
Esgotaram-se os sorrisos
com que chorava
eu já não choro.
E aí vão as minhas esperanças
como foi o sangue dos meus filhos
amassado no pó das estradas
enterrado nas roças
e o meu suor
embebido nos fios de algodão
que me cobrem.
Como o esforço foi oferecido
à segurança das máquinas
à beleza das ruas asfaltadas
de prédios de vários andares
à comodidade de senhores ricos
à alegria dispersa por cidades
e eu
me fui confundindo
com os próprios problemas da existência.
Aí vão as laranjas
como eu me ofereci ao álcool
para me anestesiar
e me entreguei às religiões
para me insensibilizar
e me atordoei para viver.
Tudo tenho dado.
Até mesmo a minha dor
e a poesia dos meus seios nus
entreguei-as aos poetas.
Agora vendo-me eu própria.
- Compra laranjas
minha senhora!
Leva-me para as quitandas da Vida
o meu preço é único:
- sangue.
Talvez vendendo-me
eu me possua.
- Compra laranjas!
(Sagrada esperança)
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sábado, 29 de maio de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -p75:Guiné Bissau (arquipélago dos Bijagós)
Guiné-Bissau
O modo de vida, os costumes
tradicionais e o carácter sagrado
de alguns
locais explicam o estado de
conservação excepcional do meio
ambiente. O
arquipélago constitui por essa
razão um dos principais locais de
reprodução
dos recursos haliêuticos do país,
representando a pesca um pilar da
economia nacional. O meio marinho
é um verdadeiro reservatório de
diversidade biológica de
importância internacional: ilhéus
ocupados por
colónias de aves marinhas; praias
utilizadas por milhares de
tartarugas
marinhas para a desova; áreas
lodosas frequentadas por mais de
700 000
aves pernaltas migratórias;
mangais povoados de manatins e
lontras;
hipopótamos transformados pelo
tempo em animais marinhos;
crocodilos;
canais habitados por golfinhos.
Os fuselos reproduzem-se na
Europa e migram para África,
acabando por ser um
laço entre estes dois continentes
É por reconhecer o valor
deste património que o
arquipélago foi
classificado pela
UNESCO como
Reserva da Biosfera.
Costeira e Marinha da África
Ocidental), FIBA (Fundação
Internacional do Banc d’Arguin),
UICN (União Mundial para a
Natureza),
INEP (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisa), GPC
(Gabinete de Bijagós (tutelada
actualmente pelo Instituto da
Biodiversidade e das Desde há
alguns anos que numerosas
influências exteriores interferem
com
este equilíbrio secular. O
arquipélago, outrora fechado
sobre o seu mistério,
é hoje sujeito a muitas cobiças.
Os seus recursos naturais, ainda
abundantes,
atraem a pesca industrial da
Europa e da Ásia que, apesar das
proibições,
vêm lançar as redes durante a
noite nos canais que separam as
ilhas. As
pirogas artesanais vêm de
diferentes países da sub-região
para pescar em
particular os tubarões, cujas
barbatanas são apreciadas nos
mercados
asiáticos.
As paisagens harmoniosas e
selvagens do arquipélago atraem
promotores
turísticos muitas vezes pouco
preocupados em respeitar o meio
ambiente ou
a sociedade tradicional.
A globalização dos mercados
encoraja a
monetarização progressiva da
economia dos
Bijagós, que se orienta pouco a
pouco para
culturas comerciais como o caju
em
detrimento das zonas de
palmeiras. E já se
antevêem riscos maiores como a
exploração
petrolífera offshore ou
estaleiros de
desmantelamento de barcos velhos,
com o
seu séquito de poluições.
Rapariga bijagó: As tarefas
individuais são definidas segundo
as faixas
etárias e o sexo: os adolescentes
beneficiam de uma grande
liberdade,
enquanto que no inicío da idade
adulta dedicam o essencial da sua
energia
às necessidades da comunidade. Os
anciãos são os detentores do
saber e da
autoridade.
Nos Bijagós, povo animista, a
passagem de um grupo de idade
para outro
faz-se através de ritos de
iniciação em lugares sagrados
afastados das
tabancas (aldeias). Ao longo do
ano, quase um terço do tempo é
consagrado
a cerimónias durante as quais os
baboleros (xamãs) entram em
contacto com
os espíritos. As áreas lodosas
têm os seus espíritos, as
florestas têm os seus
espíritos, as ilhas e os mangais
também: as relações com a
natureza não são
unicamente de ordem prática e
alimentar mas também espiritual.
Por exemplo, algumas espécies de
conchas só são comidas em
cerimónias
específicas e por isso são
objecto de medidas de protecção.
Cerimónia para o Iran (espírito)
na Ilha de Poilão. No povo bijagó
só os iniciados
podem desembarcar nesta ilha e
devem respeitar regras restritas:
explorar só os
recursos que serão utilizados no
próprio sítio,não derramar
sangue,não ter realções
sexuais e não sepultar mortos. O
conjunto destas regras permite a
protecção da zona.
A relação entre o
homem e o seu meio
ambiente, entre os
vivos e os mortos,
manifesta-se pela
existência de lugares
sagrados (florestas,
cabos, ilhas) que
mostram uma
interdependência onde
a natureza e a cultura
se alimentam
mutuamente.
O modo de vida tradicional dos
Bijagós é baseado numa economia
de
subsistência onde o conjunto dos
recursos naturais do território é
aproveitado de forma
diversificada.
O arroz constitui a base da
alimentação enquanto que as
palmeiras fornecem
frutos, óleo e vinho, bem como
uma vasta gama de produtos usados
na
alimentação, artesanato,
habitação, etc.
O essencial das proteínas animais
é
fornecido pelas conchas, peixes e
animais
de capoeira.
Perto de 7 000 fêmeas desovam uma
centena de ovos por anonos
Bijagó,
constituindo assim a maior
colónia de tartarugas verdes do
litoral
atlântico africano.
Os Bijagós são a principal etnia
que povoa este arquipélago
composto por 88
lhas e ilhéus. Só habitam em
permanência cerca de 20 ilhas, em
tabancas
(aldeias) com asas de adobe e
palha. O meio ambiente é
constituído por
savanas, almeirais e mangais onde
os recursos naturais são
abundantes.
As paisagens são marcadas pela
formação do arquipélago no delta
do rio.
Jovens bijagós trajadas com saias
de palha de arroz.
As ilhas, separadas por canais,
são bordadas por zonas lodosas
que são cobertas ou descobertas
em função das marés, impondo o
seu ritmo à vida dos homens e da
natureza.
organizações nacionais e
internacionais está a decorrer um
processo para, no
quadro da Convenção do Património
Mundial da UNESCO, promover a
classificação do arquipélago dos
Bijagós como
SÍTIO DO PATRIMÓNIO
CULTURAL E
NATURAL MUNDIAL
Esta marca de prestígio, que
reconhece o valor universal de um
lugar, constitui uma garantia de
protecção internacional que
poderia
revelar-se crucial para permitir
que a
sociedade dos Bijagós e o seu
meio
ambiente conservem o seu
equilíbrio,
ao mesmo tempo que enfrentam os
desafios do desenvolvimento.
A dança ocupa um lugar central
nas cerimónias e na vida
quotidiana. Os jovens cabaros
(faixa etária dos homens entre
os 18 e os 27 anos) expressam as
forças da natureza terrestre
(máscara de touro) e marinha
(máscara de tubarão).
Braço de mar ou bolon, em maré
baixa
BIJAGÓS
ARQUIPÉLAGO
SAGRADO
A etnia bijagó ocupa as ilhas
habitadas do arquipélago. A
sociedade bijagó
rege-se por uma grande quantidade
de ritos (cem dias por ano são
consagrados a cerimónias
tradicionais) relacionados, em
grande parte, com a
vida selvagem. Por exemplo, a
ilha de Poilão, o maior local do
Atlântico-
Este para a desova das tartarugas
verdes, descoberto há apenas
alguns anos,
é um lugar sagrado onde não se
pode verter sangue, nem humano
nem
animal. Para desembarcar nesta
ilha é necessário pedir a
autorização dos
espíritos. Este tabu, muito
respeitado, permite que as
tartarugas possam
desovar dezenas de ovos sem
enfrentar qualquer predação
humana. Por outro
lado, existem ilhas onde os
animais são considerados sagrados
pela
população: por exemplo, os
hipopótamos na ilha de Orango ou
os tubarões
na ilha Formosa. Os Bijagós são
também conhecidos pelas suas
esculturas,
consideradas como das mais
interessantes de África.
Tabanka bijagó: as aldeias
bijagós estão sempre cercadas de
árvores e afastadas da costa.
BIJAGÓS
ARQUIPÉLAGO
COBIÇADO
Perdidas no esquecimento há 40
anos, as ilhas nunca foram
atingidas pelo
desenvolvimento colonial, com
excepção de dois portos muito
modestos,
Bubaque e Bolama, outrora capital
da Guiné-Bissau. Não sendo
marinheiros,
os Bijagós estabelecem-se em
aldeias no interior das terras;
vivem da
colheita, duma agricultura muito
primitiva e da pesca praticada
andando a
pé. Os bancos de areia e os
labirintos de canais onde a
navegação é difícil
travaram até agora o
desenvolvimento da pesca
comercial. Mas o
esgotamento geral das reservas de
peixe na costa africana alimenta
cobiças
e os pescadores do Senegal e da
Guiné-Conacri, entre outros,
começam a
explorar cada vez mais estes
locais, incrivelmente ricos em
peixe, ao ponto
de criar por vezes aldeias
costeiras.
O hipopótamo ocupa um lugar
sagradao na cosmogonia bijagó.
BIJAGÓS
PATRIMÓNIO
A PRESERVAR
O arquipélago está ameaçado. Os
perigos aumentam devido à
exploração
excessiva das zonas de reprodução
de peixe e, mais recentemente,
devido a
projectos anárquicos de
desenvolvimento turístico. Três
ONG, a Tiniguena -
esta terra é nossa, a UICN (União
Internacional para a Conservação
da
Natureza) e a FIBA (Fundação
Internacional do Banc d’Arguin),
trabalham
no arquipélago, em colaboração
com as tabancas (aldeias)
bijagós, para
combater esses perigos. Cada
proposta é apresentada à
assembleia dos
régulos e à população. Os seus
objectivos são a educação, a
prevenção
sanitária, a defesa do meio
ambiente e a gestão dos recursos
naturais, para
assegurar o desenvolvimento
durável deste arquipélago único e
ajudar os
Bijagós a assegurar o seu futuro
no respeito pelos seus costumes e
pelo meio
ambiente.
BIJAGÓS
ARQUIPÉLAGO ESQUECIDO
Ao largo da Guiné-Bissau, o
arquipélago dos Bijagós é um
conjunto de 88
ilhas e ilhéus perdidos no
Atlântico. Um quarto das ilhas
não é habitado. As
ilhas são cobertas de vegetação
tropical: florestas húmidas,
mangais e
savanas. As suas águas são das
mais ricas em peixe de África.
Abrigam
também uma fauna original:
hipopótamos – por vezes
qualificados como
marinhos porque são os únicos no
mundo a viverem em água salgada –
tartarugas, golfinhos, manatins,
répteis e aves. Um milhão de aves
limícolas,
aves pernaltas que emigram para a
tundra, passam o inverno nos
Bijagós,
assim como flamingos, pelicanos,
garças, garajaus, etc. Mas muitas
das suas
riquezas naturais ainda não são
conhecidas. A criação de dois
parques
nacionais e de uma Reserva da
Biosfera (no quadro do projecto
Man and
Biosphere da UNESCO) ilustram
este interesse fora do comum.
Repartição das responsabilidades
e das funções
das diferentes classes etárias
Idade Classe etária Nome
Bijagó
Características principais
e responsabilidades
Homens
7-11 Crianças Cadene Guarda do
gado e ajuda na caça.
12-17 Adolescentes Canhocám
Participação nas actividades
produtivas. Subir às palmeiras,
artesanato e
iniciação às regras sociais
(segredos das plantas).
Guarda da aldeia.
18-27 Jovens Cabaro Período de
liberdade, festas, danças e
conquistas amorosas. Algum
trabalho regular (limpar os
caminhos da aldeia e participar
em todos os
trabalhos que exigem boa condição
física e capacidades), apoio às
actividades agrícolas e à
produção do óleo de palma.
28-35 Jovens adultos Camabi
Período depois da iniciação
(fanado) dedicado aos trabalhos
mais duros e
à procura dos bens necessários
para o pagamento aos mais velhos,
aprendendo com estes os segredos
da vida.
Administram os palmares, as
florestas e as cambuas.
36-55 Adultos Odõdo Quando passam
do estádio de iniciado ao de
iniciador. Têm plenos
direitos no conselho dos mais
velhos, servem de porta-voz das
resoluções
deste conselho de decisão. Podem
possuir casa e terras e têm
direito a
casar e a ter filhos.
Mais de
55
Homens idosos
Homem grande
Cabongha Recebem ofertas dos mais
jovens. Guardiões dos
conhecimentos e das
regras sócio-culturais
tradicionais.
Mulheres
7-11 Crianças Numpune Trabalhos
domésticos, transporte da água,
apanha de pequenos moluscos
e vigilância dos arrozais.
12-20 Adolescentes Campuni Grupo
etário responsável pelas
cerimónias de defunto. Fora da
aldeia as
mulheres comem, bebem e dançam
juntas e aprendem as técnicas e
saberes para viver na floresta.
21-50 Mulheres casadas Ocanto
Mulheres com crianças para
educar.
Mais de
50
Mulheres idosas
Mulher grande
Oconto Depois da menopausa
controlam as cerimónias das
mulheres.
ASSUNTO: Arquipélago dos Bijagós
(Guiné-Bissau) Reservados os
Direitos do Autor
Edição: Paulo Alves
www.Rituais.com
Textos e Legendas: PRCM (Programa
Regional de Conservação da Zona
Costeira e Marinha da África
Ocidental), FIBA (Fundação
Internacional do Banc d’Arguin),
UICN (União Mundial para a
Natureza),
INEP (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisa), GPC
(Gabinete de Planificação
Costeira da Guiné-
Bissau), Comité MAB (Man and
Biosphere) de França, Reserva de
Biosfera do Arquipélago dos
Bijagós (tutelada actualmente
pelo Instituto da Biodiversidade
e das Áreas Protegidas da
Guiné-Bissau -
IBAP) e Tiniguena (“Esta Terra é
Nossa”) – ONG nacional da
Guiné-Bissau
Imagens: Jean François Hellio e
Nicolas Van Ingen
(Hellio-Van-Ingen)
Colaboração: Joacine Moreira
(CIDAC)
19-05-06 Pág. 5
O modo de vida, os costumes
tradicionais e o carácter sagrado
de alguns
locais explicam o estado de
conservação excepcional do meio
ambiente. O
arquipélago constitui por essa
razão um dos principais locais de
reprodução
dos recursos haliêuticos do país,
representando a pesca um pilar da
economia nacional. O meio marinho
é um verdadeiro reservatório de
diversidade biológica de
importância internacional: ilhéus
ocupados por
colónias de aves marinhas; praias
utilizadas por milhares de
tartarugas
marinhas para a desova; áreas
lodosas frequentadas por mais de
700 000
aves pernaltas migratórias;
mangais povoados de manatins e
lontras;
hipopótamos transformados pelo
tempo em animais marinhos;
crocodilos;
canais habitados por golfinhos.
Os fuselos reproduzem-se na
Europa e migram para África,
acabando por ser um
laço entre estes dois continentes
É por reconhecer o valor
deste património que o
arquipélago foi
classificado pela
UNESCO como
Reserva da Biosfera.
Costeira e Marinha da África
Ocidental), FIBA (Fundação
Internacional do Banc d’Arguin),
UICN (União Mundial para a
Natureza),
INEP (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisa), GPC
(Gabinete de Bijagós (tutelada
actualmente pelo Instituto da
Biodiversidade e das Desde há
alguns anos que numerosas
influências exteriores interferem
com
este equilíbrio secular. O
arquipélago, outrora fechado
sobre o seu mistério,
é hoje sujeito a muitas cobiças.
Os seus recursos naturais, ainda
abundantes,
atraem a pesca industrial da
Europa e da Ásia que, apesar das
proibições,
vêm lançar as redes durante a
noite nos canais que separam as
ilhas. As
pirogas artesanais vêm de
diferentes países da sub-região
para pescar em
particular os tubarões, cujas
barbatanas são apreciadas nos
mercados
asiáticos.
As paisagens harmoniosas e
selvagens do arquipélago atraem
promotores
turísticos muitas vezes pouco
preocupados em respeitar o meio
ambiente ou
a sociedade tradicional.
A globalização dos mercados
encoraja a
monetarização progressiva da
economia dos
Bijagós, que se orienta pouco a
pouco para
culturas comerciais como o caju
em
detrimento das zonas de
palmeiras. E já se
antevêem riscos maiores como a
exploração
petrolífera offshore ou
estaleiros de
desmantelamento de barcos velhos,
com o
seu séquito de poluições.
Rapariga bijagó: As tarefas
individuais são definidas segundo
as faixas
etárias e o sexo: os adolescentes
beneficiam de uma grande
liberdade,
enquanto que no inicío da idade
adulta dedicam o essencial da sua
energia
às necessidades da comunidade. Os
anciãos são os detentores do
saber e da
autoridade.
Nos Bijagós, povo animista, a
passagem de um grupo de idade
para outro
faz-se através de ritos de
iniciação em lugares sagrados
afastados das
tabancas (aldeias). Ao longo do
ano, quase um terço do tempo é
consagrado
a cerimónias durante as quais os
baboleros (xamãs) entram em
contacto com
os espíritos. As áreas lodosas
têm os seus espíritos, as
florestas têm os seus
espíritos, as ilhas e os mangais
também: as relações com a
natureza não são
unicamente de ordem prática e
alimentar mas também espiritual.
Por exemplo, algumas espécies de
conchas só são comidas em
cerimónias
específicas e por isso são
objecto de medidas de protecção.
Cerimónia para o Iran (espírito)
na Ilha de Poilão. No povo bijagó
só os iniciados
podem desembarcar nesta ilha e
devem respeitar regras restritas:
explorar só os
recursos que serão utilizados no
próprio sítio,não derramar
sangue,não ter realções
sexuais e não sepultar mortos. O
conjunto destas regras permite a
protecção da zona.
A relação entre o
homem e o seu meio
ambiente, entre os
vivos e os mortos,
manifesta-se pela
existência de lugares
sagrados (florestas,
cabos, ilhas) que
mostram uma
interdependência onde
a natureza e a cultura
se alimentam
mutuamente.
O modo de vida tradicional dos
Bijagós é baseado numa economia
de
subsistência onde o conjunto dos
recursos naturais do território é
aproveitado de forma
diversificada.
O arroz constitui a base da
alimentação enquanto que as
palmeiras fornecem
frutos, óleo e vinho, bem como
uma vasta gama de produtos usados
na
alimentação, artesanato,
habitação, etc.
O essencial das proteínas animais
é
fornecido pelas conchas, peixes e
animais
de capoeira.
Perto de 7 000 fêmeas desovam uma
centena de ovos por anonos
Bijagó,
constituindo assim a maior
colónia de tartarugas verdes do
litoral
atlântico africano.
Os Bijagós são a principal etnia
que povoa este arquipélago
composto por 88
lhas e ilhéus. Só habitam em
permanência cerca de 20 ilhas, em
tabancas
(aldeias) com asas de adobe e
palha. O meio ambiente é
constituído por
savanas, almeirais e mangais onde
os recursos naturais são
abundantes.
As paisagens são marcadas pela
formação do arquipélago no delta
do rio.
Jovens bijagós trajadas com saias
de palha de arroz.
As ilhas, separadas por canais,
são bordadas por zonas lodosas
que são cobertas ou descobertas
em função das marés, impondo o
seu ritmo à vida dos homens e da
natureza.
organizações nacionais e
internacionais está a decorrer um
processo para, no
quadro da Convenção do Património
Mundial da UNESCO, promover a
classificação do arquipélago dos
Bijagós como
SÍTIO DO PATRIMÓNIO
CULTURAL E
NATURAL MUNDIAL
Esta marca de prestígio, que
reconhece o valor universal de um
lugar, constitui uma garantia de
protecção internacional que
poderia
revelar-se crucial para permitir
que a
sociedade dos Bijagós e o seu
meio
ambiente conservem o seu
equilíbrio,
ao mesmo tempo que enfrentam os
desafios do desenvolvimento.
A dança ocupa um lugar central
nas cerimónias e na vida
quotidiana. Os jovens cabaros
(faixa etária dos homens entre
os 18 e os 27 anos) expressam as
forças da natureza terrestre
(máscara de touro) e marinha
(máscara de tubarão).
Braço de mar ou bolon, em maré
baixa
BIJAGÓS
ARQUIPÉLAGO
SAGRADO
A etnia bijagó ocupa as ilhas
habitadas do arquipélago. A
sociedade bijagó
rege-se por uma grande quantidade
de ritos (cem dias por ano são
consagrados a cerimónias
tradicionais) relacionados, em
grande parte, com a
vida selvagem. Por exemplo, a
ilha de Poilão, o maior local do
Atlântico-
Este para a desova das tartarugas
verdes, descoberto há apenas
alguns anos,
é um lugar sagrado onde não se
pode verter sangue, nem humano
nem
animal. Para desembarcar nesta
ilha é necessário pedir a
autorização dos
espíritos. Este tabu, muito
respeitado, permite que as
tartarugas possam
desovar dezenas de ovos sem
enfrentar qualquer predação
humana. Por outro
lado, existem ilhas onde os
animais são considerados sagrados
pela
população: por exemplo, os
hipopótamos na ilha de Orango ou
os tubarões
na ilha Formosa. Os Bijagós são
também conhecidos pelas suas
esculturas,
consideradas como das mais
interessantes de África.
Tabanka bijagó: as aldeias
bijagós estão sempre cercadas de
árvores e afastadas da costa.
BIJAGÓS
ARQUIPÉLAGO
COBIÇADO
Perdidas no esquecimento há 40
anos, as ilhas nunca foram
atingidas pelo
desenvolvimento colonial, com
excepção de dois portos muito
modestos,
Bubaque e Bolama, outrora capital
da Guiné-Bissau. Não sendo
marinheiros,
os Bijagós estabelecem-se em
aldeias no interior das terras;
vivem da
colheita, duma agricultura muito
primitiva e da pesca praticada
andando a
pé. Os bancos de areia e os
labirintos de canais onde a
navegação é difícil
travaram até agora o
desenvolvimento da pesca
comercial. Mas o
esgotamento geral das reservas de
peixe na costa africana alimenta
cobiças
e os pescadores do Senegal e da
Guiné-Conacri, entre outros,
começam a
explorar cada vez mais estes
locais, incrivelmente ricos em
peixe, ao ponto
de criar por vezes aldeias
costeiras.
O hipopótamo ocupa um lugar
sagradao na cosmogonia bijagó.
BIJAGÓS
PATRIMÓNIO
A PRESERVAR
O arquipélago está ameaçado. Os
perigos aumentam devido à
exploração
excessiva das zonas de reprodução
de peixe e, mais recentemente,
devido a
projectos anárquicos de
desenvolvimento turístico. Três
ONG, a Tiniguena -
esta terra é nossa, a UICN (União
Internacional para a Conservação
da
Natureza) e a FIBA (Fundação
Internacional do Banc d’Arguin),
trabalham
no arquipélago, em colaboração
com as tabancas (aldeias)
bijagós, para
combater esses perigos. Cada
proposta é apresentada à
assembleia dos
régulos e à população. Os seus
objectivos são a educação, a
prevenção
sanitária, a defesa do meio
ambiente e a gestão dos recursos
naturais, para
assegurar o desenvolvimento
durável deste arquipélago único e
ajudar os
Bijagós a assegurar o seu futuro
no respeito pelos seus costumes e
pelo meio
ambiente.
BIJAGÓS
ARQUIPÉLAGO ESQUECIDO
Ao largo da Guiné-Bissau, o
arquipélago dos Bijagós é um
conjunto de 88
ilhas e ilhéus perdidos no
Atlântico. Um quarto das ilhas
não é habitado. As
ilhas são cobertas de vegetação
tropical: florestas húmidas,
mangais e
savanas. As suas águas são das
mais ricas em peixe de África.
Abrigam
também uma fauna original:
hipopótamos – por vezes
qualificados como
marinhos porque são os únicos no
mundo a viverem em água salgada –
tartarugas, golfinhos, manatins,
répteis e aves. Um milhão de aves
limícolas,
aves pernaltas que emigram para a
tundra, passam o inverno nos
Bijagós,
assim como flamingos, pelicanos,
garças, garajaus, etc. Mas muitas
das suas
riquezas naturais ainda não são
conhecidas. A criação de dois
parques
nacionais e de uma Reserva da
Biosfera (no quadro do projecto
Man and
Biosphere da UNESCO) ilustram
este interesse fora do comum.
Repartição das responsabilidades
e das funções
das diferentes classes etárias
Idade Classe etária Nome
Bijagó
Características principais
e responsabilidades
Homens
7-11 Crianças Cadene Guarda do
gado e ajuda na caça.
12-17 Adolescentes Canhocám
Participação nas actividades
produtivas. Subir às palmeiras,
artesanato e
iniciação às regras sociais
(segredos das plantas).
Guarda da aldeia.
18-27 Jovens Cabaro Período de
liberdade, festas, danças e
conquistas amorosas. Algum
trabalho regular (limpar os
caminhos da aldeia e participar
em todos os
trabalhos que exigem boa condição
física e capacidades), apoio às
actividades agrícolas e à
produção do óleo de palma.
28-35 Jovens adultos Camabi
Período depois da iniciação
(fanado) dedicado aos trabalhos
mais duros e
à procura dos bens necessários
para o pagamento aos mais velhos,
aprendendo com estes os segredos
da vida.
Administram os palmares, as
florestas e as cambuas.
36-55 Adultos Odõdo Quando passam
do estádio de iniciado ao de
iniciador. Têm plenos
direitos no conselho dos mais
velhos, servem de porta-voz das
resoluções
deste conselho de decisão. Podem
possuir casa e terras e têm
direito a
casar e a ter filhos.
Mais de
55
Homens idosos
Homem grande
Cabongha Recebem ofertas dos mais
jovens. Guardiões dos
conhecimentos e das
regras sócio-culturais
tradicionais.
Mulheres
7-11 Crianças Numpune Trabalhos
domésticos, transporte da água,
apanha de pequenos moluscos
e vigilância dos arrozais.
12-20 Adolescentes Campuni Grupo
etário responsável pelas
cerimónias de defunto. Fora da
aldeia as
mulheres comem, bebem e dançam
juntas e aprendem as técnicas e
saberes para viver na floresta.
21-50 Mulheres casadas Ocanto
Mulheres com crianças para
educar.
Mais de
50
Mulheres idosas
Mulher grande
Oconto Depois da menopausa
controlam as cerimónias das
mulheres.
ASSUNTO: Arquipélago dos Bijagós
(Guiné-Bissau) Reservados os
Direitos do Autor
Edição: Paulo Alves
www.Rituais.com
Textos e Legendas: PRCM (Programa
Regional de Conservação da Zona
Costeira e Marinha da África
Ocidental), FIBA (Fundação
Internacional do Banc d’Arguin),
UICN (União Mundial para a
Natureza),
INEP (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisa), GPC
(Gabinete de Planificação
Costeira da Guiné-
Bissau), Comité MAB (Man and
Biosphere) de França, Reserva de
Biosfera do Arquipélago dos
Bijagós (tutelada actualmente
pelo Instituto da Biodiversidade
e das Áreas Protegidas da
Guiné-Bissau -
IBAP) e Tiniguena (“Esta Terra é
Nossa”) – ONG nacional da
Guiné-Bissau
Imagens: Jean François Hellio e
Nicolas Van Ingen
(Hellio-Van-Ingen)
Colaboração: Joacine Moreira
(CIDAC)
19-05-06 Pág. 5
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Arquipélago dos Bijagós,
Guiné Bissau
quarta-feira, 19 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
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Atenciosamente,
Manuel Seleiro
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Manuel Seleiro
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P73: Poesias de Amilcar Cabral (REGRESSO).
AMILCAR CABRAL
REGRESSO
Mamãe Velha, venha ouvir comigo
O bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
Que vibra dentro do meu coração
A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
Que há tanto tempo não batia assim...
Ouvi dizer que a Cidade-Velha
– a ilha toda –
Em poucos dias já virou jardim...
Dizem que o campo se cobriu de verde
Da cor mais bela porque é a cor da esp’rança
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
– É a tempestade que virou bonança...
Venha comigo, Mamãe Velha, venha
Recobre a força e chegue-se ao portão
A chuva amiga já falou mantenha
E bate dentro do meu coração!
--------------------------------------------------------------------------------
POEMA
Quem é que não se lembra
Daquele grito que parecia trovão?!
– É que ontem
Soltei meu grito de revolta.
Meu grito de revolta ecoou pelos vales mais longínquos da Terra,
Atravessou os mares e os oceanos,
Transpôs os Himalaias de todo o Mundo,
Não respeitou fronteiras
E fez vibrar meu peito...
Meu grito de revolta fez vibrar os peitos de todos os Homens,
Confraternizou todos os Homens
E transformou a Vida...
... Ah! O meu grito de revolta que percorreu o Mundo,
Que não transpôs o Mundo,
O Mundo que sou eu!
Ah! O meu grito de revolta que venceu lá longe,
Muito longe,
Na minha garganta!
Na garganta de todos os Homens
--------------------------------------------------------------------------------
ROSA NEGRA
Rosa,
Chamam-te Rosa, minha preta formosa
E na tua negrura
Teus dentes se mostram sorrindo.
Teu corpo baloiça, caminhas dançando,
Minha preta formosa, lasciva e ridente
Vais cheia de vida, vais cheia de esperanças
Em teu corpo correndo a seiva da vida
Tuas carnes gritando
E teus lábios sorrindo...
Mas temo tua sorte na vida que vives,
Na vida que temos...
Amanhã terás filhos, minha preta formosa
E varizes nas pernas e dores no corpo;
Minha preta formosa já não serás Rosa,
Serás uma negra sem vida e sofrente
Ser’as uma negra
E eu temo a tua sorte!
Minha preta formosa não temo a tua sorte,
Que a vida que vives não tarda findar...
Minha preta formosa, amanhã terás filhos
Mas também amanhã...
... amanhã terás vida!
--------------------------------------------------------------------------------
ILHA
Tu vives - mãe adormecida-
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som das músicas sem música
das águas que nos prendem...
Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
- os sonhos dos teus filhos -
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!
Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
- terra dura -
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
--------------------------------------------------------------------------------
Fonte: Antologia Poética da Guiné-Bissau, Editorial Inquérito, 1990
_
REGRESSO
Mamãe Velha, venha ouvir comigo
O bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
Que vibra dentro do meu coração
A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
Que há tanto tempo não batia assim...
Ouvi dizer que a Cidade-Velha
– a ilha toda –
Em poucos dias já virou jardim...
Dizem que o campo se cobriu de verde
Da cor mais bela porque é a cor da esp’rança
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
– É a tempestade que virou bonança...
Venha comigo, Mamãe Velha, venha
Recobre a força e chegue-se ao portão
A chuva amiga já falou mantenha
E bate dentro do meu coração!
--------------------------------------------------------------------------------
POEMA
Quem é que não se lembra
Daquele grito que parecia trovão?!
– É que ontem
Soltei meu grito de revolta.
Meu grito de revolta ecoou pelos vales mais longínquos da Terra,
Atravessou os mares e os oceanos,
Transpôs os Himalaias de todo o Mundo,
Não respeitou fronteiras
E fez vibrar meu peito...
Meu grito de revolta fez vibrar os peitos de todos os Homens,
Confraternizou todos os Homens
E transformou a Vida...
... Ah! O meu grito de revolta que percorreu o Mundo,
Que não transpôs o Mundo,
O Mundo que sou eu!
Ah! O meu grito de revolta que venceu lá longe,
Muito longe,
Na minha garganta!
Na garganta de todos os Homens
--------------------------------------------------------------------------------
ROSA NEGRA
Rosa,
Chamam-te Rosa, minha preta formosa
E na tua negrura
Teus dentes se mostram sorrindo.
Teu corpo baloiça, caminhas dançando,
Minha preta formosa, lasciva e ridente
Vais cheia de vida, vais cheia de esperanças
Em teu corpo correndo a seiva da vida
Tuas carnes gritando
E teus lábios sorrindo...
Mas temo tua sorte na vida que vives,
Na vida que temos...
Amanhã terás filhos, minha preta formosa
E varizes nas pernas e dores no corpo;
Minha preta formosa já não serás Rosa,
Serás uma negra sem vida e sofrente
Ser’as uma negra
E eu temo a tua sorte!
Minha preta formosa não temo a tua sorte,
Que a vida que vives não tarda findar...
Minha preta formosa, amanhã terás filhos
Mas também amanhã...
... amanhã terás vida!
--------------------------------------------------------------------------------
ILHA
Tu vives - mãe adormecida-
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som das músicas sem música
das águas que nos prendem...
Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
- os sonhos dos teus filhos -
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!
Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
- terra dura -
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
--------------------------------------------------------------------------------
Fonte: Antologia Poética da Guiné-Bissau, Editorial Inquérito, 1990
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Regresso,
Rosa Negra
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P72: CONVÍVIO DA COMPANHIA DE CAÇADORES Nº. 3 GUINÉ Guidage e Binta
Mensagem do Ex Fur Mil Félix Dias da Companhia de Caçadores 3 Guiné 69/71:
S. Domingos/Guidage/Binta
Com data de 23-04-2010:
Pedido de publicação.
CONVÍVIO DA COMPANHIA DE CAÇADORES Nº. 3 GUINÉ
Após contactos com alguns de nós, optou-se pela realização do encontro, em terras da Bairrada, na cidade de Anadia.
Assim, venho junto do meu caro amigo e ex-combatente da CCAÇ3, na Guiné, informá-lo que o encontro está previsto para o dia 22 do mês de Maio, com o seguinte
PROGRAMA
10h30 - Concentração, nos Paços do Município
11hl5 - Visita guiada ao Museu do Vinho e da Vinha
13HOO - Almoço no Hotel Cabecinho, em Anadia
17HOO - Encerramento
ALMOÇO
Entradas variadas e regionais
Sopa de legumes
Cabidela de leitão
Leitão assado à Bairrada
Sobremesas (buffet)
Vinhos branco e tinto da região e champagne
Café e digestivos
Dieta: a solicitar pelo interessado
PREÇO por pessoa 30€
ALOJAMENTO NO HOTEL (NIB:003500930002208263095)
Single: 40€
Duplo: 50€
Agradeço a confirmação da presença e número de pessoas, até ao dia 18 do mês de Maio. O pagamento deverá ser efectuado para o Hotel Cabecinho (está indicado o NIB).
Com um abraço, Dias Coimbra
João José Dias Coimbra
diascoimbra@mail.com
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Almoço convívio,
Companhia de Caçadores Número 3,
Guiné-Bissau
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74-P71: Andorinha - Canchungo - Guiné-Bissau
Andorinha - Canchungo - Guiné-Bissau
2 ANOS DE PROMOÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA EM LÍNGUA
PORTUGUESA NA GUINÉ-BISSAU
Em Canchungo, a 24 de Abril de 2008, Marcolino Elias Vasconcelos,
professor – sobretudo de Língua Portuguesa – no Liceu Regional Hô Chi
Minh, e António Alberto Alves, sociólogo e voluntário, iniciaram o
programa Andorinha na Rádio Comunitária Uler A Baand, que tem como
objectivo a promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua
Portuguesa e desde então mantém a sua periodicidade semanal, todas as
quintas-feiras entre as 20.3h e 21.3h na frequência de 103 MHz. De
imediato, para responder a diversas solicitações de apoio educativo,
jovens estudantes tomaram a iniciativa de se organizarem em bankada*,
para ouvirem o programa Andorinha e “praticarem a oralidade e
ultrapassarem o receio de falarem em português”! Ao longo desse ano,
constituíram-se bankadas nos bairros da cidade de Canchungo (Betame,
Pindai, Catchobar, Tchada, Djaraf, rua de Calquisse, Bairo Nobo) e em
algumas tabanka (Cajegute, Canhobe, Tame). Complementarmente, foi
constituída a bankada central Andorinha, que concentra as suas
actividades no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo e que
tem organizado algumas iniciativas: sessões de vídeo, acções de
sensibilização em escolas, feira do livro. [*Bankada é um grupo
informal mas estruturado, sobretudo de jovens, que se juntam num local
na rua, para ouvirem rádio – neste caso, o programa Andorinha e para
praticarem a oralidade em Língua Portuguesa.]
Esta iniciativa Andorinha surge como pioneira num país onde a
utilização da Língua Portuguesa é muito baixa e a sua riqueza parte da
própria motivação de jovens estudantes se organizarem em autoformação.
[ver descrição em anexo]
Complementarmente, neste ano lectivo de 2009-2010, estamos a realizar o
projecto Andorinha – Promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em
Língua Portuguesa – um intercâmbio de escolas portuguesas e escolas no
sector de Canchungo, Região de Cacheu, Guiné-Bissau. Tem como objectivo
a montagem de um projecto bilateral de troca de experiências e
intercâmbio entre um estabelecimento de ensino de Portugal e de um
congénere na Região de Cacheu (Guiné-Bissau), que poderá proporcionar
múltiplas vantagens recíprocas – e despoletar diversas acções de
cooperação. Com efeito, a troca de correspondência escolar entre
directores, professores e alunos, certamente aumentará o domínio da
escrita em Língua Portuguesa entre os guineenses e promoverá o
conhecimento sobre a Guiné-Bissau entre os portugueses. [ver descrição
em anexo]
Neste sentido, as iniciativas Andorinha passarão a promover o uso oral
e escrito da Língua Portuguesa no quotidiano dos jovens e estudantes
guineenses.
Em Canchungo e na Região de Cacheu, a designação de “Andorinha” é já
sinónimo de promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua
Portuguesa. O próximo passo será o da constituição de uma associação,
nomeadamente a partir da organização da bankada central Andorinha, para
conferir personalidade jurídica a estas iniciativas. Entretanto,
solicitamos a adesão à CONGAI – Confederação das Organizações não
Governamentais e Associações Intervenientes ao Sul do Rio Cacheu, o que
foi prontamente aceite.
De salientar, que esta é uma iniciativa concebida e protagonizada por
jovens alunos e professores guineenses, às expensas de trabalho
voluntário e esforço e empenho de cada um – sem qualquer apoio de
instituições responsáveis pela promoção da Língua Portuguesa...
[Para mais informações e imagens, ver
www.andorinhaemcanchungo.blogspot.com
De 20 a 25 de Abril de 2010 pretendemos comemorar o segundo aniversário
do surgimento das iniciativas Andorinha, com a realização de um
conjunto de eventos, onde se destaca a 2.ª Feira do Livro, a 2.ª Festa
Andorinha e uma sessão de vídeo sobre a Revolução dos Cravos em
Portugal.
Na esperança que estas iniciativas possam ser valorizadas e ficando ao
dispôr para qualquer esclarecimento que acharem conveniente,
apresentamos os nossos melhores cumprimentos
Marcolino Elias Vasconcelos – 00 245 6625332
António Alberto Alves – 00 245 6726963
Eduardo Gomes (Presidente das bankada Andorinha) – 00 245 6824282
--
Andorinha Caixa Postal nº 1 Canchungo Guiné-Bissau
www.andorinhaemcanchungo.blogspot.com
Nota: M. Seleiro
Na minha página está o anexo em pdf no link guerra da Guiné.
Pode aceder a página:
http://www.luardameianoite.com
O anexo contém mais informação...
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2 ANOS DE PROMOÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA EM LÍNGUA
PORTUGUESA NA GUINÉ-BISSAU
Em Canchungo, a 24 de Abril de 2008, Marcolino Elias Vasconcelos,
professor – sobretudo de Língua Portuguesa – no Liceu Regional Hô Chi
Minh, e António Alberto Alves, sociólogo e voluntário, iniciaram o
programa Andorinha na Rádio Comunitária Uler A Baand, que tem como
objectivo a promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua
Portuguesa e desde então mantém a sua periodicidade semanal, todas as
quintas-feiras entre as 20.3h e 21.3h na frequência de 103 MHz. De
imediato, para responder a diversas solicitações de apoio educativo,
jovens estudantes tomaram a iniciativa de se organizarem em bankada*,
para ouvirem o programa Andorinha e “praticarem a oralidade e
ultrapassarem o receio de falarem em português”! Ao longo desse ano,
constituíram-se bankadas nos bairros da cidade de Canchungo (Betame,
Pindai, Catchobar, Tchada, Djaraf, rua de Calquisse, Bairo Nobo) e em
algumas tabanka (Cajegute, Canhobe, Tame). Complementarmente, foi
constituída a bankada central Andorinha, que concentra as suas
actividades no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo e que
tem organizado algumas iniciativas: sessões de vídeo, acções de
sensibilização em escolas, feira do livro. [*Bankada é um grupo
informal mas estruturado, sobretudo de jovens, que se juntam num local
na rua, para ouvirem rádio – neste caso, o programa Andorinha e para
praticarem a oralidade em Língua Portuguesa.]
Esta iniciativa Andorinha surge como pioneira num país onde a
utilização da Língua Portuguesa é muito baixa e a sua riqueza parte da
própria motivação de jovens estudantes se organizarem em autoformação.
[ver descrição em anexo]
Complementarmente, neste ano lectivo de 2009-2010, estamos a realizar o
projecto Andorinha – Promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em
Língua Portuguesa – um intercâmbio de escolas portuguesas e escolas no
sector de Canchungo, Região de Cacheu, Guiné-Bissau. Tem como objectivo
a montagem de um projecto bilateral de troca de experiências e
intercâmbio entre um estabelecimento de ensino de Portugal e de um
congénere na Região de Cacheu (Guiné-Bissau), que poderá proporcionar
múltiplas vantagens recíprocas – e despoletar diversas acções de
cooperação. Com efeito, a troca de correspondência escolar entre
directores, professores e alunos, certamente aumentará o domínio da
escrita em Língua Portuguesa entre os guineenses e promoverá o
conhecimento sobre a Guiné-Bissau entre os portugueses. [ver descrição
em anexo]
Neste sentido, as iniciativas Andorinha passarão a promover o uso oral
e escrito da Língua Portuguesa no quotidiano dos jovens e estudantes
guineenses.
Em Canchungo e na Região de Cacheu, a designação de “Andorinha” é já
sinónimo de promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua
Portuguesa. O próximo passo será o da constituição de uma associação,
nomeadamente a partir da organização da bankada central Andorinha, para
conferir personalidade jurídica a estas iniciativas. Entretanto,
solicitamos a adesão à CONGAI – Confederação das Organizações não
Governamentais e Associações Intervenientes ao Sul do Rio Cacheu, o que
foi prontamente aceite.
De salientar, que esta é uma iniciativa concebida e protagonizada por
jovens alunos e professores guineenses, às expensas de trabalho
voluntário e esforço e empenho de cada um – sem qualquer apoio de
instituições responsáveis pela promoção da Língua Portuguesa...
[Para mais informações e imagens, ver
www.andorinhaemcanchungo.blogspot.com
De 20 a 25 de Abril de 2010 pretendemos comemorar o segundo aniversário
do surgimento das iniciativas Andorinha, com a realização de um
conjunto de eventos, onde se destaca a 2.ª Feira do Livro, a 2.ª Festa
Andorinha e uma sessão de vídeo sobre a Revolução dos Cravos em
Portugal.
Na esperança que estas iniciativas possam ser valorizadas e ficando ao
dispôr para qualquer esclarecimento que acharem conveniente,
apresentamos os nossos melhores cumprimentos
Marcolino Elias Vasconcelos – 00 245 6625332
António Alberto Alves – 00 245 6726963
Eduardo Gomes (Presidente das bankada Andorinha) – 00 245 6824282
--
Andorinha Caixa Postal nº 1 Canchungo Guiné-Bissau
www.andorinhaemcanchungo.blogspot.com
Nota: M. Seleiro
Na minha página está o anexo em pdf no link guerra da Guiné.
Pode aceder a página:
http://www.luardameianoite.com
O anexo contém mais informação...
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segunda-feira, 12 de abril de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P70: Ajuda amiga.
Mensagem do Carlos Silva:
Com data de 12 de Abril de 2010
De regresso da Guiné, (AJUDA AMIGA.)
> Camradas& Amigos
> Acabo de lançar algumas dezenas de fotos da nossa acção em
Canjambari.
http://carlosilva-guine.i9tc.com/site
> Vão comparando a nossa acção no ano 2009 e 2010. A Ajuda Amiga está a
> crescer.
> Amanhã, vou lançar a reportagem sobre Jumbembem
> Com um grande abraço
> Carlos Silva
_
Com data de 12 de Abril de 2010
De regresso da Guiné, (AJUDA AMIGA.)
> Camradas& Amigos
> Acabo de lançar algumas dezenas de fotos da nossa acção em
Canjambari.
http://carlosilva-guine.i9tc.com/site
> Vão comparando a nossa acção no ano 2009 e 2010. A Ajuda Amiga está a
> crescer.
> Amanhã, vou lançar a reportagem sobre Jumbembem
> Com um grande abraço
> Carlos Silva
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Carlos Silva,
Guiné Bissau
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P69: Poema de Amílcar Cabral.
ILHA
Tu vives - mãe adormecida-
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som das músicas sem música
das águas que nos prendem...
Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
- os sonhos dos teus filhos -
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!
Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
- terra dura -
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
--------------------------------------------------------------------------------
Fonte: Antologia Poética da Guiné-Bissau, Editorial Inquérito, 1990
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Tu vives - mãe adormecida-
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som das músicas sem música
das águas que nos prendem...
Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
- os sonhos dos teus filhos -
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!
Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
- terra dura -
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
--------------------------------------------------------------------------------
Fonte: Antologia Poética da Guiné-Bissau, Editorial Inquérito, 1990
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Poema a Ilha
terça-feira, 6 de abril de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P68: Mais uma saída para o mato
Mensagem do Plácido Teixeira da C. cav 3365 -S. Domingos 71/73:
Com data de 06-04-2010
A viver nos Estados Unidos:
Boston,
""Mais uma saida para o mato""
Mais uma saida para o desconhecido ou incerteza... uma vez mais nao se
sabia o perigo que estava do lado de fora do arame farpado! O azar
que os esperava poderia ate estar eminente. Em qualquer curva, em
qualquer canto . Para os que nao tinham patrulha nesse dia, era como
pais ver os filhos partir!!, Os que ficavam para traz so restava ,
olhar, acenar e desejar muito boa sorte!!
Na nossa mente, havia sempre um pensamento mau e pressentimento de
medo !. O receio de uma inesperada ma noticia era alias sempre de
esperar. As constantes emboscadas e o eminente perigo!
Havia depois geralmente uma pergunta para fazer a quem nos queria e
sabia responder!! Alguem que tinha acesso a informacao e sabia o que
se estava a passar na patrulha......Que tal esta o pelotao? Esta tudo
a correr bem com a patrulha? etc. etc.
Por mim e todos os demais,era uma alegria e descanso, ver finalmente
regrssar os nossos amigos que tinham ido na patrulha.. Chegavam com
sede, calor e cansados, mas com saude e sem perigo.
Depois eram as perguntas....viste alguma coiza? houve rebentamentos?
Assim se passava mais um dia de patrulha!! mas......a tristeza
vinha, quando por meio do radio, a gente ficava a saber de tragedias.!
Em S. Domingos foi constante e habitual nas saidas para o mato, que
alguem nao mais retornava. Era desgosto,era tristeza e era desespero.
Quando chegava o Helicopetro para a evacuacao,havia lagrimas em todos
os olhos. A depressao tornou-se enorme e constante., Quando sabia -mos
quem era a pessoa magoada, havia dor e lagrimas. Era mais um martir
de uma guerra estupida, sangrenta e cruel. Vinha a raiva e vinha o
desgosto!! Seria um nosso amigo, da mesma terra, do circulo de amigos
mais proximo.! Sera que ele vai ficar bem? Sera que ele vai viver?
sera que ele.........etc etc.
Meus amigos, era a Guine, uma guerra sem ideais, sem justificacao e sem
legalidade. Uma crueldade,um massacre de inocentes, matar para viver,
viver para matar!!
Assim se passavam os dias na Guine, longe da familia de pais e
irmaos!!. As patrulhas que iam para o mato,sempre com a duvida se
voltariam o receio do que poderia acontecer,do perigo de minas e
emboscadas .Os que ficavam, porque receavam e pensavam tambem o pior,
ficavam preocupados e exaustos de sofrimento Afinal estava mos todos
no mesmo. Era a sobrevivencia.
Amigos mais uma historia, que foi a realidade do perigo do Ultramar e
o perigo a que todos nos estivemos expostos!.
Abracos fraternos e de muita amizade
Placido Teixeira - Ca. de Cav. 3365 S.Domingos 71/73
Nota de M. Seleiro:
O Plácido Teixeira num mail enviado no dia 04-04-2010
Meu amigo Seleiro
Mando-lhe este video e se for possivel por, pois e a minha resposta ao
ultimo texto que o meu amigo Parreira lhe enviou.Acho que e um
comentario muito bom e que ele goste concerteza.
Um abraco meu amigo e felicidades para voces.
Placido
Resposta ao Plácido no mesmo dia:
Que não me sendo possível baixar o vídio, do Youtube deixei ao seu
critério outra alternativa.
Na mensagem de hoje o Plácido volta a fazer o pedido:
A verdade é que não consigo baixar todos os comandos do vídio.
Vamos tentar o link abaixo...
Roberto Carlos na canção, amigo.
Clique aqui para ouvir,
Fotos © 2010 direitos reservados:
_
terça-feira, 30 de março de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P67: Deus escreve direito por linhas tortas, e livrou-me do Inferno deS. Domingos.
Mensagem do Ex Fur Mil Bernardino Parreira da C. cav 3365 S. Domingos.
71/73:
Com data de 30-03-2010
Deus escreve direito por linhas tortas, e livrou-me do Inferno deS. Domingos.
Já não sei ao fim de quanto tempo de permanência na Guiné, tinhamos
direito a gozar férias, só sei que tinha férias marcadas para vir à
Metrópole, suponho que para o início de 1972, quando recebi ordem para
partir em rendição individual para Guidage. Nunca cheguei a saber ao
certo se aquilo fora obra do acaso ou por "castigo". De subito senti
tristeza, porque iria separar-me dos meus companheiros e amigos, com
quem estava desde Janeiro de 1971, quando formamos Batalhão em
Estremoz. Despedi-me da malta que me foi possivel contactar e lá parti
para Bissau. Alguns fizeram questão de me fazer percorrer as ruas de
S. Domingos, em cima de um Unimog, para me despedir da população das
Tabancas que frequentava, onde tinha muitos amigos, e sensiblizou-me a
despedida comovente e afectuosa em que me envolveram.
Chegado a Bissau deveria ter-me dirigido ao Quartel General, com vista
a levantar as guias para a minha apresentação em Guidage, mas, mais
uma vez, quis Deus que eu fosse primeiro almoçar a um restaurante,
onde encontrei um amigo do Algarve, que tinha estado comigo na tropa
em Tavira, e que em Bissau estava nos Serviços Administrativos do
Quartel da Amura. Logo me perguntou o que estava eu ali a fazer, e eu
disse-lhe que tinha férias marcadas mas que me tinham lixado e mandado
para Guidage, ao que ele me alertou que depois das férias marcadas
ninguém tinha competência para as anular a não ser por motivo de força
maior, justificado superiormente, e perguntou-me se eu tinha comigo a
autorização das férias e de facto eu tinha. Depois ele ensinou-me
quais os documentos que eu deveria preencher nos Serviços
Administrativos do Quartel General, e assim o fiz.
Sem nunca me apresentar no Quartel, não fossem eles apanhar-me, andei
2 ou 3 dias por Bissau, a dormir numa pensão, até obter o bilhete de
avião que me transportasse para a Metrópole.
Mas a melhor estava para vir, estava eu no avião, já tinha encontrado
um camarada de Lisboa, e o Vagomestre, que estavam comigo em S.
Domingos e que também vinham de férias, quando vejo entrar o Sr.
"Pepino" que com os "bonitos" modos dele me pergunta "o que é que
fazes aqui?" e eu respondi-lhe "o mesmo que o meu primeiro..." e ele
interroga-me novamente "então não eras para estar em Guidage?" E eu
respondi-lhe " ...se assim fosse não estava aqui...", eu, com a minha
calma, e uma cara de gozo que se pode imaginar, e os outros, que
também não o gramavam, a rir também, o fulano até mudou de cor, e não
lhe cheguei a dizer como tinha dado a volta à situação.
Ao lembrar-me desta história, passados 38 anos, recordo-me do
camarada de Lisboa, de quem não me lembro o nome, que dado a hora
tardia a que o avião chegou, de noite, e eu não ter transporte para o
Algarve, me convidou para dormir em sua casa, na Cruz Quebrada, em
Lisboa, onde ele e a família me trataram muito bem, e eu fiquei-lhe
eternamente grato, se não tinha que andar de mala na mão, às tantas da
noite, à procura de Pensão em Lisboa.
Estive um mês no Algarve, gozei o máximo que pude, e depois regressei
a S. Domingos, mas, como o meu destino estava traçado, não foi daquela
vez foi de outra, lá fui para uma Companhia Africana, mas desta vez
para o Bachile, para a C. Caç. 16.
Ao deixar o inferno de S. Domingos, dei graças a Deus porque a minha
vida na Guiné mudou para melhor, deixei de estar sob bombardeamentos
massivos do PAIGC, vindos do Senegal, mas até no Bachile se ouviam os
ataques a S. Domingos e eu sabia quando os meus amigos e
companheiros estavam a ser flagelados, e sofria com isso.
Frequentemente recebia más notícias, de mortes e feridos em S.
Domingos, porque quando fazia escoltas a Teixeira Pinto, e mesmo no
Bachile, às vezes, encontrava camaradas de S. Domingos que estavam de
passagem.
No Bachile, com a mata da Caboiana próxima, considerada "uma das
residencias" do PAIGC, a Guerra não era fácil, mas como eu tinha vindo
de um autentico inferno, achei que tinha chegado a um "cantinho do
Céu"...!
Muitos dos militares da Companhia Africana, a que passei a pertencer,
tinham familiares do outro lado da guerra, e a maior parte deles
estavam na Guerra Colonial obrigados, tal como nós, só sei dizer que
fiz lá muitas amizades, de que sinto saudades, eu convivia com os meus
camaradas e amigos quer no Quartel quer fora dali, em jogos de futebol
e petiscos, e frequentava até as suas casas, no Pelundo, em Teixeira
Pinto, e noutras povoações vizinhas, onde residiam, e ainda hoje
considero os militares da C. Caç 16, brancos e africanos, meus
camaradas, meus irmãos, meus amigos, tal como sempre considerei os da
C CAV 3365.
Aqui envio uma fotografia do quarto que deixei em S. Domingos, em
Fevereiro/Março de 1972, e para onde voltei cerca de 1 mês antes do
embarque de regresso à Metrópole em Março de 1973, porque nessa altura
muito poucos se atreviam a dormir nas casernas.
Bernardino Parreira
Ex-Furriel Mil.
Nota: M. Seleiro
Ó Parreira o Pepino, era tramado. Não era?
Estava sempre onde não devia estar!
Fotos © 2010 do Ex Fur Mil Parreira direitos reservados.
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71/73:
Com data de 30-03-2010
Deus escreve direito por linhas tortas, e livrou-me do Inferno deS. Domingos.
Já não sei ao fim de quanto tempo de permanência na Guiné, tinhamos
direito a gozar férias, só sei que tinha férias marcadas para vir à
Metrópole, suponho que para o início de 1972, quando recebi ordem para
partir em rendição individual para Guidage. Nunca cheguei a saber ao
certo se aquilo fora obra do acaso ou por "castigo". De subito senti
tristeza, porque iria separar-me dos meus companheiros e amigos, com
quem estava desde Janeiro de 1971, quando formamos Batalhão em
Estremoz. Despedi-me da malta que me foi possivel contactar e lá parti
para Bissau. Alguns fizeram questão de me fazer percorrer as ruas de
S. Domingos, em cima de um Unimog, para me despedir da população das
Tabancas que frequentava, onde tinha muitos amigos, e sensiblizou-me a
despedida comovente e afectuosa em que me envolveram.
Chegado a Bissau deveria ter-me dirigido ao Quartel General, com vista
a levantar as guias para a minha apresentação em Guidage, mas, mais
uma vez, quis Deus que eu fosse primeiro almoçar a um restaurante,
onde encontrei um amigo do Algarve, que tinha estado comigo na tropa
em Tavira, e que em Bissau estava nos Serviços Administrativos do
Quartel da Amura. Logo me perguntou o que estava eu ali a fazer, e eu
disse-lhe que tinha férias marcadas mas que me tinham lixado e mandado
para Guidage, ao que ele me alertou que depois das férias marcadas
ninguém tinha competência para as anular a não ser por motivo de força
maior, justificado superiormente, e perguntou-me se eu tinha comigo a
autorização das férias e de facto eu tinha. Depois ele ensinou-me
quais os documentos que eu deveria preencher nos Serviços
Administrativos do Quartel General, e assim o fiz.
Sem nunca me apresentar no Quartel, não fossem eles apanhar-me, andei
2 ou 3 dias por Bissau, a dormir numa pensão, até obter o bilhete de
avião que me transportasse para a Metrópole.
Mas a melhor estava para vir, estava eu no avião, já tinha encontrado
um camarada de Lisboa, e o Vagomestre, que estavam comigo em S.
Domingos e que também vinham de férias, quando vejo entrar o Sr.
"Pepino" que com os "bonitos" modos dele me pergunta "o que é que
fazes aqui?" e eu respondi-lhe "o mesmo que o meu primeiro..." e ele
interroga-me novamente "então não eras para estar em Guidage?" E eu
respondi-lhe " ...se assim fosse não estava aqui...", eu, com a minha
calma, e uma cara de gozo que se pode imaginar, e os outros, que
também não o gramavam, a rir também, o fulano até mudou de cor, e não
lhe cheguei a dizer como tinha dado a volta à situação.
Ao lembrar-me desta história, passados 38 anos, recordo-me do
camarada de Lisboa, de quem não me lembro o nome, que dado a hora
tardia a que o avião chegou, de noite, e eu não ter transporte para o
Algarve, me convidou para dormir em sua casa, na Cruz Quebrada, em
Lisboa, onde ele e a família me trataram muito bem, e eu fiquei-lhe
eternamente grato, se não tinha que andar de mala na mão, às tantas da
noite, à procura de Pensão em Lisboa.
Estive um mês no Algarve, gozei o máximo que pude, e depois regressei
a S. Domingos, mas, como o meu destino estava traçado, não foi daquela
vez foi de outra, lá fui para uma Companhia Africana, mas desta vez
para o Bachile, para a C. Caç. 16.
Ao deixar o inferno de S. Domingos, dei graças a Deus porque a minha
vida na Guiné mudou para melhor, deixei de estar sob bombardeamentos
massivos do PAIGC, vindos do Senegal, mas até no Bachile se ouviam os
ataques a S. Domingos e eu sabia quando os meus amigos e
companheiros estavam a ser flagelados, e sofria com isso.
Frequentemente recebia más notícias, de mortes e feridos em S.
Domingos, porque quando fazia escoltas a Teixeira Pinto, e mesmo no
Bachile, às vezes, encontrava camaradas de S. Domingos que estavam de
passagem.
No Bachile, com a mata da Caboiana próxima, considerada "uma das
residencias" do PAIGC, a Guerra não era fácil, mas como eu tinha vindo
de um autentico inferno, achei que tinha chegado a um "cantinho do
Céu"...!
Muitos dos militares da Companhia Africana, a que passei a pertencer,
tinham familiares do outro lado da guerra, e a maior parte deles
estavam na Guerra Colonial obrigados, tal como nós, só sei dizer que
fiz lá muitas amizades, de que sinto saudades, eu convivia com os meus
camaradas e amigos quer no Quartel quer fora dali, em jogos de futebol
e petiscos, e frequentava até as suas casas, no Pelundo, em Teixeira
Pinto, e noutras povoações vizinhas, onde residiam, e ainda hoje
considero os militares da C. Caç 16, brancos e africanos, meus
camaradas, meus irmãos, meus amigos, tal como sempre considerei os da
C CAV 3365.
Aqui envio uma fotografia do quarto que deixei em S. Domingos, em
Fevereiro/Março de 1972, e para onde voltei cerca de 1 mês antes do
embarque de regresso à Metrópole em Março de 1973, porque nessa altura
muito poucos se atreviam a dormir nas casernas.
Bernardino Parreira
Ex-Furriel Mil.
Nota: M. Seleiro
Ó Parreira o Pepino, era tramado. Não era?
Estava sempre onde não devia estar!
Fotos © 2010 do Ex Fur Mil Parreira direitos reservados.
_
segunda-feira, 22 de março de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P66: Poesia Agostinho Neto (ANGOLA) ,Sagrada Esperança
Voz do sangue
Palpitam-me
Os sons do batuque
E os ritmos melancólicos do blue
Ó negro esfarrapado do Harlem
Ó dançarino de Chicago
Ó negro servidor do South
Ó negro de África
Negros de todo o mundo
Eu junto ao vosso canto
A minha pobre voz
Os meus humildes ritmos.
Eu vos acompanho
Pelas emaranhadas áfricas
Do nosso Rumo
Eu vos sinto
Negros de todo o mundo
Eu vivo a vossa Dor
Meus irmãos.
Agostinho Neto (Angola), Sagrada Esperança
Palpitam-me
Os sons do batuque
E os ritmos melancólicos do blue
Ó negro esfarrapado do Harlem
Ó dançarino de Chicago
Ó negro servidor do South
Ó negro de África
Negros de todo o mundo
Eu junto ao vosso canto
A minha pobre voz
Os meus humildes ritmos.
Eu vos acompanho
Pelas emaranhadas áfricas
Do nosso Rumo
Eu vos sinto
Negros de todo o mundo
Eu vivo a vossa Dor
Meus irmãos.
Agostinho Neto (Angola), Sagrada Esperança
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Sagrada Esperança
sexta-feira, 19 de março de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P65: Viagem Virtual a Guiné-Bissau.
Viagem virtual a Guiné-Bissau.
Clique aqui.
Superfície : 36 120 km²
População : 1 472 780 habitantes
Densidade : 48 hab./km²
Capital : Bissau, habitada por 388 028
Língua Oficial : Português
Línguas Nacionais : Crioulo Guineense (língua falada pela maioria), Balanta, Fula, Manjaco, Mandinga, Pepel e outras.
Religiões : Animismo/Crenças Indígenas (50%)
Islamismo (45%)
Cristianismo (5%)
Moeda : Franco CFA (da Comunidade Financeira Africana)
Data da Independência: 24 de Setembro de 1973
IDH (2006) : lugar 173 entre 177 países
PIB (2005): lugar 174 entre 180 países
(800 $US/ano, por habitante)
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Clique aqui.
Superfície : 36 120 km²
População : 1 472 780 habitantes
Densidade : 48 hab./km²
Capital : Bissau, habitada por 388 028
Língua Oficial : Português
Línguas Nacionais : Crioulo Guineense (língua falada pela maioria), Balanta, Fula, Manjaco, Mandinga, Pepel e outras.
Religiões : Animismo/Crenças Indígenas (50%)
Islamismo (45%)
Cristianismo (5%)
Moeda : Franco CFA (da Comunidade Financeira Africana)
Data da Independência: 24 de Setembro de 1973
IDH (2006) : lugar 173 entre 177 países
PIB (2005): lugar 174 entre 180 países
(800 $US/ano, por habitante)
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segunda-feira, 15 de março de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P64: Os morteiros Cantaram!
Mensagem do Plácido Teixeira da C. CAV 3365 S. Domingos 71/73.
Com data de hoje 15-03-2010:
A Viver nos Estados Unidos.
Boston,
OS MORTEIROS CANTARAM
Cantaram um dia em que todos nos andavamos despreocupados. Por sermos ainda novos na Guine, pensavamos que afinal os nossos amigos inimigos, nao queriam nada connosco.
Estavamos todos sentados, uns a beber umas cervejas mal frescas, outros a volta do pequeno radio a pilhas, a ouvir a Miss Portugal outros a ouvir o Rod Stewart a cantar Someoone like you.....
De repente, um grande estrondo.!!
A confusao foi total devido a falta de orientacao. A desorientacao foi incrivel para um lugar de perigo.
Uns corriam para a esquerda outros para a direita .Finalmente decidimos ir para o abrigo do morteiro, que era o mais perto mesmo por traz da cozinha.
Tal foi a desorganizacao, todos andavam a correr sem saber que que fazer e para onde ir..para se defender.
O capitao, arrogante , ignorante e sem qualidades de comandar, com muito ma atitude, deixou que todos estivessemos desorganizados, desprevenidos e descontrolados.. Alem de um fraco profissional, nunca teve inteligencia para organizar a defesa, antes que tivesse acontecido um ataque. Sei que nesse primeiro ataque, os Morteiros cantaram!! Nao posso compreender que defesa esses morteiros, possam ter dado, para alem do barulho que faziam! Sempre pensei que estavamos desprotegidos e entregues ao destino,afinal nao me enganei concerteza..Havia de certeza a mao de D.s por cima de todos nos. Nao havia valentia, havia coragem,odio, desespero e ate lagrimas.Havia o medo que se transformou em Fe! .Afinal nunca juramos pela Patria, nao se jura com a boca fechada , ou amordacada. Nao se jura pela Patria quando somos obrigados a fazer o que nao queremos Se havia falta de Liberdade de expressao, quando nos diziam para calar a boca, como podiamos nos jurar defender a pela Patria, quando afinal nos era-mos os invasores? Esperavam eles que fosse mos o Salvador da Patria quando fomos deitados ao abandono, enviados para o desterro como criminais? Nao nao e assim!Quando debaixo de ataques,vi pessoas agarradas as cruzes que tinham ao peito e pedir a D.s.!! Ouvi chamar pela mae e por Nossa Senhora!!
Infelizmente, tivemos a primeira vitima!.
Nao pelo fogo, este amigo morreu devido a desorganizacao e bandalheira .O Capitao, tinha a Companhia totalmente desorganizada a deriva como um barco sem destino.. O nosso amigo foi apanhado em lugar nao seguro e foi ferido. Para ser tratado depois do ataque, foi a enfermaria, Como os fios electricos tinham sido cortados pelos rebentamentos, ficou tudo escuro e o nosso amigo teve o azar de trepar nos fios electricos. Infelizmente nada se pode fazer. Podia ter sido qualquer um de nos!
Era Alentejano, boa pessoa e foi a nossa primeira vitima. Jamais esqueceremos.
Fotos © do Plácido Teixeira, 2010 direitos reservados:
Nota: M. Seleiro
O Plácido escreveu:
O morteiro estáva atráz do refeitório, em princípio esse morteiro foi colocado aí em Dezembro de 69 pelo pelotão de caçadores nativos 60...
Um abraço amigos
_
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P63: Almoço convívio do Batalhão de Cavalaria (3846)
Mensagem do Bernardino Parreira da C. cav 3365 S. Domingos 71 /73:
Realizou-se no dia 14 de Março o almoço/convivio comemorativo do 37º. aniversário do regresso do Batalhão 3846, C.CAV. 3364; 3365;3366 e Companhia Independente.
Devo dizer que estive presente e vivi momentos de grande alegria ao reencontrar amigos e companheiros que não via há 37 anos, desde o nosso regresso de S. Domingos - Guiné.
Mas também de grande tristeza por ter tido conhecimento que alguns camaradas que julgava vivos já não pertencem a este mundo, e que outros se encontram doentes.
Foi com grande emoção que os meus companheiros da Cav. 3365 receberam a mensagem e o contacto do amigo e companheiro Plácido Teixeira. Alguns ficaram de visitar o Blogue da C. Caç 60.
Em nome dos companheiros da C. CAV.3365, presentes no citado convivio, envio um saudoso abraço ao amigo Plácido e um Bem Haja por manter bem vivo o espirito da Companhia os Quixotes.
Aproveito para agradecer ao Amigo Seleiro, autor e editor deste Blog, a oportunidade que nos tem dado de manifestarmos as nossas memórias e sentimentos.
Um abraço
B. Parreira
Nota: M. Seleiro
Caro Parreira:
A proveito o comentário ao post 60 do Plácido Teixeira:
Para enviar um abraço a todos os camaradas do Batalhão de Cavalaria 3846.
Afinal cruzámos os mesmos caminhos.
O Pel CaçNat 60, põe ao vosso despor o blogue para qualquer comentário, ou futuros anúcios do convívio do vosso Batalhão.
Manuel Seleiro
_
Realizou-se no dia 14 de Março o almoço/convivio comemorativo do 37º. aniversário do regresso do Batalhão 3846, C.CAV. 3364; 3365;3366 e Companhia Independente.
Devo dizer que estive presente e vivi momentos de grande alegria ao reencontrar amigos e companheiros que não via há 37 anos, desde o nosso regresso de S. Domingos - Guiné.
Mas também de grande tristeza por ter tido conhecimento que alguns camaradas que julgava vivos já não pertencem a este mundo, e que outros se encontram doentes.
Foi com grande emoção que os meus companheiros da Cav. 3365 receberam a mensagem e o contacto do amigo e companheiro Plácido Teixeira. Alguns ficaram de visitar o Blogue da C. Caç 60.
Em nome dos companheiros da C. CAV.3365, presentes no citado convivio, envio um saudoso abraço ao amigo Plácido e um Bem Haja por manter bem vivo o espirito da Companhia os Quixotes.
Aproveito para agradecer ao Amigo Seleiro, autor e editor deste Blog, a oportunidade que nos tem dado de manifestarmos as nossas memórias e sentimentos.
Um abraço
B. Parreira
Nota: M. Seleiro
Caro Parreira:
A proveito o comentário ao post 60 do Plácido Teixeira:
Para enviar um abraço a todos os camaradas do Batalhão de Cavalaria 3846.
Afinal cruzámos os mesmos caminhos.
O Pel CaçNat 60, põe ao vosso despor o blogue para qualquer comentário, ou futuros anúcios do convívio do vosso Batalhão.
Manuel Seleiro
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sexta-feira, 12 de março de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P62: Fragmentos da vida
Mensagem do Plácido Teixeira da C. cav 3365 S. Domingos 71/73:
Com data de 11 de Março de 2010
A viver nos Estados Unidos:
Boston,
Fragmentos da vida
Lembro-me ainda dos dias em que ia e vinha da escola .A saudade que
tenho, quando de manha a minha mae me chamava.
Levantava-me entao com o frio de Tras os Montes. Vestia-me e
sentava-me a mesa para tomar o pequeno almoco. Tenho saudades dos
carinhos da minha mae, do amor que meu pai me dava. Lembro-me com
tristeza dos amigos de Liceu, que nunca mais encontrei. Lembro
eternamente com saudade as amigas e amigos de escola, dos dias de
sol, do nevoeiro nas altas montanhas. Lembro a minha terra, a minha
escola, as ruas onde passei e os campos das minhas bricadeiras. Quando
com o meu cao, ia apanhar grilos.
Lembro esse tempo com saudade, com ternura e tristeza. Disse, um
dia, adeus a tudo o que me viu crescer. A minha casa, os vizinhos, o
meu cao e ate o Ceu frio de Tras os Montes. A Escola primaria da
Estacao o velho Liceu, os Correios onde eu depositava as cartas das
namoradas ou amigas de Escola.
Um dia parti e chorei. Tive saudades..Para tras ficaram os dias frios
Transmontanos, o amor eterno da minha mae, o cantar nas arvores dos
passaros livres. Das borboletas que voavam de flor em flor. Parti fui
para a tropa. .
Fui para o Ultramar e sobrevivi. Passei maus bocados. Tive dor,
tristeza e saudade, mas resisti. Enfrentei maus pensamentos, invejas e
tirania. Mas venci. Regressei do Ultramar. Depois foram os Correios e a
Caixa. Portugal era um Pais sem futuro, eu queria Liberdade, Liberdade
onde eu pudesse seguir a minha Fe e os meus ideais. Foi novamente a
Escola para um futuro em frente. Nos Estados Unidos da America, fiz a
minha nova terra sem esquecer Portugal. Apanhei do chao, todas as
migalhas da vida, pu-las aos meus ombros e fui em frente!
Os Hebreus, tiveram sempre com eles as tabuas partidas da lei que D.s
deu a Moises .Carregaram os pedacos bem como as novas que D.s deu a
Moshe depois de ele ter atirado para o chao e partido, quando desceu e
viu os Hebreus a adorar a vaca de ouro. Carregaram-nas e andaram pelo
deserto. Como eles segui em frente, Hebreu filho de Avraham, carregando
comigo os fragmentos da vida, o bom e o mau. Procurando a minha terra
prometida. D.s deu-me os meus filhos. A eles passo a
responsabilidade de seguir a minha fe, carregar aos ombros os problemas
, os fragmentos da vida. Nao desesperar, mas ter coragem e seguir em
frente. Enfrentar quem nos confronta , insulta e quer mal!! Ter
coragem e orgulho do sangue que corre nas veias. Respeitar os outros,
amar os indefesos, matar a fome a quem tem fome, ajudar os idosos,
tratar com dignidade quem nao se sabe exprimir e ajudar a quem pede
ajuda. Ser persistente e ter coragem. No deserto incognito da vida,
eu afinal tambem tive a minha jornada. Europa, Africa e America. Valeu
a pena? Tudo vale a pena se a alma nao e pequena!! Placido
Nota:
do M. Seleiro.
Caro Plácido:
Fasso referéncia ao teu pedido para puvlicar junto com o texto, um
vídio sobre (Religião):
Uma vez que a temática do blogue, foi a guerra na Guiné...
Para evitar futuras reacções adversas e alguma polémica achei por bem
não publicar o vídio.
Um abraço,
_
Com data de 11 de Março de 2010
A viver nos Estados Unidos:
Boston,
Fragmentos da vida
Lembro-me ainda dos dias em que ia e vinha da escola .A saudade que
tenho, quando de manha a minha mae me chamava.
Levantava-me entao com o frio de Tras os Montes. Vestia-me e
sentava-me a mesa para tomar o pequeno almoco. Tenho saudades dos
carinhos da minha mae, do amor que meu pai me dava. Lembro-me com
tristeza dos amigos de Liceu, que nunca mais encontrei. Lembro
eternamente com saudade as amigas e amigos de escola, dos dias de
sol, do nevoeiro nas altas montanhas. Lembro a minha terra, a minha
escola, as ruas onde passei e os campos das minhas bricadeiras. Quando
com o meu cao, ia apanhar grilos.
Lembro esse tempo com saudade, com ternura e tristeza. Disse, um
dia, adeus a tudo o que me viu crescer. A minha casa, os vizinhos, o
meu cao e ate o Ceu frio de Tras os Montes. A Escola primaria da
Estacao o velho Liceu, os Correios onde eu depositava as cartas das
namoradas ou amigas de Escola.
Um dia parti e chorei. Tive saudades..Para tras ficaram os dias frios
Transmontanos, o amor eterno da minha mae, o cantar nas arvores dos
passaros livres. Das borboletas que voavam de flor em flor. Parti fui
para a tropa. .
Fui para o Ultramar e sobrevivi. Passei maus bocados. Tive dor,
tristeza e saudade, mas resisti. Enfrentei maus pensamentos, invejas e
tirania. Mas venci. Regressei do Ultramar. Depois foram os Correios e a
Caixa. Portugal era um Pais sem futuro, eu queria Liberdade, Liberdade
onde eu pudesse seguir a minha Fe e os meus ideais. Foi novamente a
Escola para um futuro em frente. Nos Estados Unidos da America, fiz a
minha nova terra sem esquecer Portugal. Apanhei do chao, todas as
migalhas da vida, pu-las aos meus ombros e fui em frente!
Os Hebreus, tiveram sempre com eles as tabuas partidas da lei que D.s
deu a Moises .Carregaram os pedacos bem como as novas que D.s deu a
Moshe depois de ele ter atirado para o chao e partido, quando desceu e
viu os Hebreus a adorar a vaca de ouro. Carregaram-nas e andaram pelo
deserto. Como eles segui em frente, Hebreu filho de Avraham, carregando
comigo os fragmentos da vida, o bom e o mau. Procurando a minha terra
prometida. D.s deu-me os meus filhos. A eles passo a
responsabilidade de seguir a minha fe, carregar aos ombros os problemas
, os fragmentos da vida. Nao desesperar, mas ter coragem e seguir em
frente. Enfrentar quem nos confronta , insulta e quer mal!! Ter
coragem e orgulho do sangue que corre nas veias. Respeitar os outros,
amar os indefesos, matar a fome a quem tem fome, ajudar os idosos,
tratar com dignidade quem nao se sabe exprimir e ajudar a quem pede
ajuda. Ser persistente e ter coragem. No deserto incognito da vida,
eu afinal tambem tive a minha jornada. Europa, Africa e America. Valeu
a pena? Tudo vale a pena se a alma nao e pequena!! Placido
Nota:
do M. Seleiro.
Caro Plácido:
Fasso referéncia ao teu pedido para puvlicar junto com o texto, um
vídio sobre (Religião):
Uma vez que a temática do blogue, foi a guerra na Guiné...
Para evitar futuras reacções adversas e alguma polémica achei por bem
não publicar o vídio.
Um abraço,
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quarta-feira, 10 de março de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P61: Aquele dia, (Dez de Março de 70!)
[Guiné]
Decorria então o Ano de 1970 na Guiné.
O primeiro cabo Seleiro a porta da habitação, cinco dias antes do acidente.
Quartel de S. Domingos.
Sector Militar, de São Domingos:
Algures nas matas da Guiné, junto a fronteira do Senegal.
Destacamento de São Domingos, sete trinta da manhã o pelotão de caçadores Pel Caç Nat 60.
Sai com destino, a fronteira do Senegal objectivo pintar os marcos que faziam a divisão da fronteira Guiné/Senegal...
As dez e meia da manhã volvidos os primeiros vinte quilómetros já em plena mata há uma chamada de atenção, alguma coisa se passa.
Os Homens paçam a palavra até chegarem a minha secção.
Sou informado que na frente, foi detectada uma mina anti-pessoal os Homens ficam nervosos.
Quando cheguei ao local da mina, o Alf Mil Hugo Guerra, informa que vai tentar levantar a mina, Decorridos alguns minutos pergunto ao Alf Mil Hugo Guerra como iam as coisas o que ele me responde que estava nervoso.
O Alf Mil Hugo Guerra da a ordem para que a mina seja desactivada.
Tomei o lugar dele junto da mina.
Procede-se a segurança do local para que as coisas decorram sem incidentes.
Mando afastar os Homens a uma distância razoável, processo que requer muita atenção.
Procede-se a desminagem do local, o momento de muita tensão...
O passo seguinte é desmontar o sistema da mina, que é constituido por a Dinamite, o
detonador este o mais perigoso que requer particular cuidado...
O inevitável aconteceu, a mina estava armadilhada e explode, gritos, confusão, leva algum tempo até os Homens se recomporem.
Esta fotos foram tiradas junto a porta da arrecadação do velho quartel de S. Domingos.
A foto mostra as três minas em situações diferentes.
A primeira está fechada e pronta a ser acionada.
A segunda está aberta, vê-se a dinamite e o mecanismo.
A terceira está aberta vê-se todo o mecanismo desmontado.
No momento tudo ficou em silêncio depois as vozes de algums soldados Que se aproximavam.
Senti umas mãos que me seguravam, era o enfermeiro José Augusto, que me prestava os primeiros socorros, colocava os garrotes para parar as hemorragias, o soro e uma injecção para as dores.
Alguns homens preparavam uma maca, com as camisas e uns paus para me transportar, fizeram cinco quilómetros comigo através da mata serrada.
O Alf Mil Hugo Guerra sai ferido com alguma gravidade…
Como estava relativamente perto de mim foi atingido por estilhaços.
Na foto acima está o Ex Alf Mil Hugo Guerra e o primeiro cabo Seleiro.
Pelo Rádio foi pedido ao quartel de São Domingos para mandarem viaturas ao nosso encontro para chegar mais rápido apista onde deveria estar uma avioneta a espera.
Assim foi quando chegamos a pista já lá estava avioneta, fui entregue á enfermeira Pára-quedista, (quero aqui prestar a minha homenagem a estas Mulheres, em particular a enfermeira Ivone).
Estas Mulheres muitas vezes corriam o risco quando tinham de socorrer os feridos em pleno combate...
Meia hora depois chegam a Base Aéria e fui levado para o Hospital Militar de Bissau.
Já no hospital, foram feitas as primeiras intervenções cirúrgicas, provavelmente devido as anestesias perdi a noção do tempo, e do local onde me encontrava.
Num momento de lucidez ouvi passos, que se aproximavam perguntei:
Onde me encontrava, foi me dito que estava no hospital de Bissau, perguntei quando ia para Lisboa: a resposta foi amanhã.
No dia seguinte pela manhã, tive a visita do Governador da Guiné o General António de Spínola.
Que deixou palávras de consolo e rápidas melhoras, e um elogio pelo dever de servir a Pátria...
Nesse mesmo dia a noite saí da Guiné no avião Militar.
Cheguei a Lisboa no dia treze de Março por volta das cinco da manhã caía uma chuva miudinha.
As macas eram muitas pois este avião Militar fazia o transporte de Angola, Moçambique, e Guiné, Em Lisboa as ambulâncias faziam o percurso de noite para não chamar a atenção dos lisboetas.
Nesta altura já estava internado no hospital Militar, na Estrela
Serviço de cirurgia plástica.
Quero aqui informar que logo que dei entrada neste serviço, entrei em coma...
Só decorridos quinze dias recuperei a consciência.
A partir da qui foi um desencadiar de acontecimentos uns bons e outros maus.
Descobri que não tinha uma das mãos o braço esquerdo estava com gesso, e tinha os olhos com pensos este foi o primeiro choque que sofri.
Os dias iam passando lentamente, até descobrir que estáva cego...
Mas o mais grave desta situação, a minha família não sabia que eu estava gravemente ferido no hospital Militar, os serviços do Exército não comunicaram o facto a minha família.
Os meus pais tiveram a informação por um amigo meu que por essa altura prestáva serviço no hospital militar.
O tempo decorrido da minha chegada a Lisboa, até os meus pais terem conhecimento foi de 23 dias...
No ano de setenta completei vinte e quatro anos estáva na flor da idade, andei de serviço em serviço durante mais quatro anos.
Em setenta e cinco saí do hospital Militar com a bonita recordação, cego, sem a mão direita e dois dedos na mão esquerda.
Moral baixa estado psicológico baixo.
O hospital Militar não dispunha de Psicólogos...
*A data que consta no texto a cima é a minha versão do acidente.
A versão do Alf Mil Hugo Guerra aponta para o dia 13 de Março.
Entrada para o serviço Militar 18 de Abril de 67.
Partida de Lisboa, 12 Julho 1968 para a Guiné.
Acidente na Guiné 10-03-1970
Manuel Seleiro
Primeiro cabo
DFA,
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segunda-feira, 8 de março de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P60: Memória para os valentes da companhia de Cavalaria 3365:
Mensagem do Plácido Teixeira da C. cav 3365 S. Domingos 71/73.
Com data de 08-03-2010
A viver nos Estados Unidos.
Boston,
Quando olho o relogio e vejo as horas passar, quando vejo um bonito dia
de sol, transformar-se numa noite escura ou uma bonita flor morrer e
desfazer-se, vejo o sinal que tudo acaba, tudo morre. Que tudo tem
fim!!
No Outono, vejo as arvores que eram verdes e frondosas, transformar-se
em castanho e triste. Onde os passaros, alegremente cantaram,
deixaram as folhas cair tristemente no Outono. Deu D.s o nosso corpo
para transportar a nossa alma . A nossa vida e alegria, um dia vai
tambem chegar ao fim!!. Para sempre ficara na memoria, a nossa
personalidade e amor. A nossa alegria e o que fizemos de bem. Uns
partirao por doenca, outros por velhice. A vida acaba tal como
acabaram as flores dos jardins e as folhas das arvores!
Outros infelizmente, deixaram a vida a qual foi muito curta. Foi-lhes
cortada, devido a crueldade, ganancia do poder e desprezo dos homens.
Partiram, vitimas de uma guerra cruel e sem fundamento.
Os que nos deixaram e pertenceram a COMPANHIA DE CAVALARIA 3365,
amigos, camaradas, militares e companheiros, descansem em paz . Nos
nunca vos esqueceremos. Enquanto nao nos juntarmos todos na vida
eterna, ao lado de D.s, voces estarao sempre no nosso pensamento, nas
nossas oracoes, no nosso coracao. Aos corajosos da Companhia de
Cavalaria 3365 que tiveram a felicidade de chegar ate aos dias de
hoje,que continuam a ser a verdura das arvores e as flores dos jardins,
mais um aniversario de uma data que todos lembramos concerteza, o
desejo e que possamos gozar muitos mais anos com a nossa familia e
rodeados de amizade. Bem haja P.Teixeira
Fotos © do Plácido Teixeira direitos reservados
_
Com data de 08-03-2010
A viver nos Estados Unidos.
Boston,
Quando olho o relogio e vejo as horas passar, quando vejo um bonito dia
de sol, transformar-se numa noite escura ou uma bonita flor morrer e
desfazer-se, vejo o sinal que tudo acaba, tudo morre. Que tudo tem
fim!!
No Outono, vejo as arvores que eram verdes e frondosas, transformar-se
em castanho e triste. Onde os passaros, alegremente cantaram,
deixaram as folhas cair tristemente no Outono. Deu D.s o nosso corpo
para transportar a nossa alma . A nossa vida e alegria, um dia vai
tambem chegar ao fim!!. Para sempre ficara na memoria, a nossa
personalidade e amor. A nossa alegria e o que fizemos de bem. Uns
partirao por doenca, outros por velhice. A vida acaba tal como
acabaram as flores dos jardins e as folhas das arvores!
Outros infelizmente, deixaram a vida a qual foi muito curta. Foi-lhes
cortada, devido a crueldade, ganancia do poder e desprezo dos homens.
Partiram, vitimas de uma guerra cruel e sem fundamento.
Os que nos deixaram e pertenceram a COMPANHIA DE CAVALARIA 3365,
amigos, camaradas, militares e companheiros, descansem em paz . Nos
nunca vos esqueceremos. Enquanto nao nos juntarmos todos na vida
eterna, ao lado de D.s, voces estarao sempre no nosso pensamento, nas
nossas oracoes, no nosso coracao. Aos corajosos da Companhia de
Cavalaria 3365 que tiveram a felicidade de chegar ate aos dias de
hoje,que continuam a ser a verdura das arvores e as flores dos jardins,
mais um aniversario de uma data que todos lembramos concerteza, o
desejo e que possamos gozar muitos mais anos com a nossa familia e
rodeados de amizade. Bem haja P.Teixeira
Fotos © do Plácido Teixeira direitos reservados
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segunda-feira, 1 de março de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P59: S. Domingos Guiné- no dia em que um pelotão disse NÃO
A foto acima mostra um pelotão da C. cav 3365 a fazer segurança ao pessoal que anda apanhar lenha.
A segunda foto mostra pessoal do Pelotão do Ex Fur Mil Parreira
apanhar lenha.
Mensagem do EX Fur Mil Bernardino Parreira da C. cav 3365 S. Domingos 71/73:
Com data de 28 02 2010.
No cumprimento do Serviço Militar Obrigatório fui mobilizado como
furriel miliciano para a Guiné, mas tenho de confessar que nunca me
moveu o sentimento de "Defesa da Pátria". Sentia-me apenas mais um
desgraçado, utilizado pelo Governo de então, para servir de carne
para canhão, numa Guerra Colonial injusta, e com a qual o Povo
Portugues não se identificava. De modo que o meu objectivo desde que
cheguei à Guiné era a minha sobrevivência e a dos meus companheiros.
Nunca me considerei nem medroso nem valente, nunca prentendi ser
herói nem ganhar medalhas.
A minha conduta sempre se pautou pelo respeito para com os meus
superiores, mas não pela obediência cega. Para mim, acima de tudo
estava o respeito pela vida e pela dignidade humana.
E era com base no respeito mútuo, e na confiança, que os soldados do
meu Pelotão acatavam as ordens que eu lhes transmitia.
Era eu que na C. CAV. 3365 estava incumbido de elaborar as escalas de
serviço, de toda a Companhia, para as mais diversas funções de
patrulhamentos, defesa do quartel, abastecimento de água e de lenha
ao quartel, etc. etc., e os serviços sempre foram assegurados, sem
nunca ter tido problemas com o pessoal que era colocado, de forma
rotativa, nas varias missões que lhe eram confiadas.
Já havia perto de 1 ano que tinhamos chegado a terras da Guiné, mais
concretamente a S. Domingos, já tinhamos sofrido muitas situações
dramáticas, com bombardeamentos ao quartel, emboscadas, camaradas
gravemente feridos, mas nunca tinhamos baixado os braços.
Em Novembro de 1971, o Alferes do meu Pelotão havia sofrido ferimentos
graves na sequência da desmontagem de uma mina anti-pessoal, o que
levou à sua evacuação para a Metrópole. O Pelotão ficou bastante
abalado com aquela triste ocorrência, e, dado não ter havido
substituição do referido militar, o comando do Pelotão era assegurado
pelos furrieis, um dos quais era eu.
Normalmente saíam 2 Pelotões para o mato, e na véspera o nosso
Capitão transmitia as ordens aos Furrieis do 4º. Pelotão, que era o
meu, e ao Alferes do 3º, bem como entregava o mapa com os
"objectivos" a atingir, mas, naquele dia, no final de 1971, ou inicio
de 1972, já não sei precisar bem a data, não o fez.
Apenas o Alferes do outro Pelotão fora informado que tinhamos uma
operação no dia seguinte de madrugada. Como sempre, alinhamos à hora
marcada, e lá fomos caminhando horas e horas para destino incerto. Os
soldados dos dois Pelotões e os furrieis, começaram a notar uma
certa desorientação do Alferes, que estava a desviar-se dos trilhos
por nós conhecidos, mostrando nervosismo e desconhecimento do
percurso a efectuar, e questionavamo-lo para onde nos estava a levar?
E o Alferes respondia que "não tinhamos que saber, que quando lá
chegássemos logo sabiamos"! Todos nós eramos militares experientes, e,
quer de noite ou de dia, conheciamos trilhos e caminhos a percorrer,
naquela densa mata, na região de S. Domingos. Mas receavamos a
aventura em que ele, sob as ordens do Capitão, nos estava a
envolver, e assim andamos Kilómetros e Kilómetros, por mata cerrada,
até que os homens cansados, e exaustos com o calor, começaram a
sentar-se e a recusar prosseguir o caminho para o destino incerto e
desconhecido para nós, e continuavam a perguntar, "para onde é que
este gajo nos leva"?
Ao ver o perigo a que nos estavamos a expor, desnecessariamente, de
imediato me solidarizei com os meus companheiros, e disse ao Alferes
que ou ele me dizia para onde íamos ou eu e o meu Pelotão voltavamos
para o quartel, tendo ele respondido que "não dizia, e que era ele
quem dava as ordens recebidas do Capitão".
Perante isto, eu e o meu companheiro furriel, assumimos a
responsabilidade de regressar ao quartel com o nosso Pelotão. Só que a
maioria dos homens do outro Pelotão, ao qual o Alferes pertencia, de
imediato lhe desobedeceu e colocou-se atrás de nós no sentido de
regressar connosco. E o Alferes, para não ficar no mato com cerca de
meia duzia de militares, seguiu-nos no regresso.
Escusado será dizer que o Alferes comunicou via rádio para o Capitão,
e quando nós chegamos ao quartel já o mesmo estava à porta do Comando,
aos berros, a esbracejar e a proferir ameaças contra mim e contra o
outro furriel.
Quem me conhece sabe que nunca fui cobarde, e se fosse necessário
arriscar a minha vida para defender a dos meus companheiros eu era o
primeiro a voluntariar-me, mas para actos de bravura ou de
aventureirismo na guerra não me perfilava.
Passados poucos dias, eu e o meu camarada furriel, fomos transferidos
para outro quartel.
Nunca me arrependi da minha decisão e não sei o que nos teria
acontecido se tivessemos prosseguido por aquele caminho desconhecido,
quando sabiamos que o PAIGC dominava toda aquela zona. Era a vida e a
integridade física de mais de 60 homens indefesos, que ali seguiam,
que estava a ser posta em causa, sem razão que o justificasse.
Devo realçar que eu era amigo do referido Alferes, e mesmo depois
deste episódio continuei a sê-lo. O que estava em causa não era a
nossa camaradagem, eram as nossas divergências na execução integral
das estratégias delimitadas pelo Capitão, que ficava sentado à
sombra, no quartel, a beber e a fumar, sem arriscar a vida dele, e
sem ter o mais infimo respeito pela vida e dignidade dos militares que
comandava.
Se até os comandos da aviação recusavam enviar os seus aviões para
aquela zona, onde do ar era possível controlar as movimentações do
PAIGC, porque teriamos de ser nós, a "tropa macaca", como nos
apelidavam, a entregar o corpo às balas e às minas?
Bernardino Parreira
Ex Furriel Mil.
Fotos: © do Bernardino Parreira da C. cav 3365 Direitos reservados:
Nota: M.Seleiro
Amigo Parreira admiro a vossa rebeldia:
E o assumir o peso dessa responsabilidade que não devia ter sido fácil.
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