terça-feira, 6 de abril de 2010
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P68: Mais uma saída para o mato
Mensagem do Plácido Teixeira da C. cav 3365 -S. Domingos 71/73:
Com data de 06-04-2010
A viver nos Estados Unidos:
Boston,
""Mais uma saida para o mato""
Mais uma saida para o desconhecido ou incerteza... uma vez mais nao se
sabia o perigo que estava do lado de fora do arame farpado! O azar
que os esperava poderia ate estar eminente. Em qualquer curva, em
qualquer canto . Para os que nao tinham patrulha nesse dia, era como
pais ver os filhos partir!!, Os que ficavam para traz so restava ,
olhar, acenar e desejar muito boa sorte!!
Na nossa mente, havia sempre um pensamento mau e pressentimento de
medo !. O receio de uma inesperada ma noticia era alias sempre de
esperar. As constantes emboscadas e o eminente perigo!
Havia depois geralmente uma pergunta para fazer a quem nos queria e
sabia responder!! Alguem que tinha acesso a informacao e sabia o que
se estava a passar na patrulha......Que tal esta o pelotao? Esta tudo
a correr bem com a patrulha? etc. etc.
Por mim e todos os demais,era uma alegria e descanso, ver finalmente
regrssar os nossos amigos que tinham ido na patrulha.. Chegavam com
sede, calor e cansados, mas com saude e sem perigo.
Depois eram as perguntas....viste alguma coiza? houve rebentamentos?
Assim se passava mais um dia de patrulha!! mas......a tristeza
vinha, quando por meio do radio, a gente ficava a saber de tragedias.!
Em S. Domingos foi constante e habitual nas saidas para o mato, que
alguem nao mais retornava. Era desgosto,era tristeza e era desespero.
Quando chegava o Helicopetro para a evacuacao,havia lagrimas em todos
os olhos. A depressao tornou-se enorme e constante., Quando sabia -mos
quem era a pessoa magoada, havia dor e lagrimas. Era mais um martir
de uma guerra estupida, sangrenta e cruel. Vinha a raiva e vinha o
desgosto!! Seria um nosso amigo, da mesma terra, do circulo de amigos
mais proximo.! Sera que ele vai ficar bem? Sera que ele vai viver?
sera que ele.........etc etc.
Meus amigos, era a Guine, uma guerra sem ideais, sem justificacao e sem
legalidade. Uma crueldade,um massacre de inocentes, matar para viver,
viver para matar!!
Assim se passavam os dias na Guine, longe da familia de pais e
irmaos!!. As patrulhas que iam para o mato,sempre com a duvida se
voltariam o receio do que poderia acontecer,do perigo de minas e
emboscadas .Os que ficavam, porque receavam e pensavam tambem o pior,
ficavam preocupados e exaustos de sofrimento Afinal estava mos todos
no mesmo. Era a sobrevivencia.
Amigos mais uma historia, que foi a realidade do perigo do Ultramar e
o perigo a que todos nos estivemos expostos!.
Abracos fraternos e de muita amizade
Placido Teixeira - Ca. de Cav. 3365 S.Domingos 71/73
Nota de M. Seleiro:
O Plácido Teixeira num mail enviado no dia 04-04-2010
Meu amigo Seleiro
Mando-lhe este video e se for possivel por, pois e a minha resposta ao
ultimo texto que o meu amigo Parreira lhe enviou.Acho que e um
comentario muito bom e que ele goste concerteza.
Um abraco meu amigo e felicidades para voces.
Placido
Resposta ao Plácido no mesmo dia:
Que não me sendo possível baixar o vídio, do Youtube deixei ao seu
critério outra alternativa.
Na mensagem de hoje o Plácido volta a fazer o pedido:
A verdade é que não consigo baixar todos os comandos do vídio.
Vamos tentar o link abaixo...
Roberto Carlos na canção, amigo.
Clique aqui para ouvir,
Fotos © 2010 direitos reservados:
_
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2 comentários:
Meu amigo
Afinal na guerra, fomos todos amigos e irmaos.
Este video e dedicado muito em especial ao meu amigo Parreira, pois juntos passamos os maus dias de uma guerra que de nada valeu uma luta injusta
Agradeço e retribuo ao amigo Plácido as palavras de amizade com que me contempla. Nunca esqueço a amizade pura e sincera, quer seja manifestada por palavras ou actos. E não foram poucas as vezes, numa altura em que todos lutavamos apenas pela sobrevivencia, e mesmo de "cabeça perdida", que demos provas dessa amizade, de grupo, das mais diversas formas, quer com palavras de conforto, ou mesmo por simples e espontaneos actos, como deixando de beber para dar a outro que tivesse mais sede, deixando de comer para dar a outro que tivesse mais fome, deixando de dormir para estar alerta no lugar de outro que tivesse mais sono.
Agradeço igualmente ao amigo Seleiro a disponibilidade, a amizade, e o espaço que partilha connosco.
O tempo corre veloz, parece que há tão pouco tempo eramos todos jovens de 21-22 anos, que o Estado Fascista e Colonialista meteu num navio e mandou para a Guiné para combater o exército de Libertação PAIGC. Por ironia do destino fomos os três parar a S. Domingos, Noroeste da Guiné, e hoje partilhamos histórias e vivências daquele tempo, algumas boas e a maior parte más. Todos assistimos ao acentuar da guerra na Guiné, o amigo Seleiro em 1970 e eu e o Plácido de 1971-1973, e todos constatamos que o aumento do poderio militar do PAIGC contrastava com os poucos meios de defesa de que dispunhamos.
Felizmente todos estamos vivos, para poder deixar aos nossos filhos o nosso testemunho, algum bastante trágico, e a nossa mensagem de que as guerras são inúteis e crueis e de que todos os Homens devem contribuir para a Paz no Mundo.
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