(Pel Caç Nat 60 )

sábado, 30 de janeiro de 2010

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P47: NOTAS SOLTAS DE UM EX-FURRIEL MILICIANO DA COMPANHIA DE ARTILHARIA

Mensagem do Ex Fur Mil da CART 643 64/66 Bissorã:
Com data de 29-01-2010

NOTAS SOLTAS DE UM EX-FURRIEL MILICIANO DA COMPANHIA DE ARTILHARIA
643, BATALHÃO 645-AGUIAS NEGRAS.
Embarcámos para a Guiné a 4 de Março de 1964 e chegados a Bissau a 10.
Durante cerca de mês e meio ficámos por Bissau e arredores, até que em
Maio a Cart643 foi ajudar numa operação a Grampará, zona situada entre
o Geba e Rio Corubal, em frente á Ponta do Inglês. Ficámos lá 3 dias,
conseguimos os nossos objectivos que foi apanhar alguns inimigos e
algum armamento, mas também quasi sermos comidos pelos mosquitos, pois
tudo era um tarrafo com grandes extensões de lodo.
Passado algum tempo fomos levádos para a zona do OIO, mais
própriamente BISSORÃ para bater-mos a área até ao OLOSSATO, MANSABÁ,
etc.A nossa companhia foi fantástica, conseguimos dominar uma área
muito grande, nós saíamos constantemente não dando descanso ou por
outra ninguem ficava dentro do arame farpado, assim o chamado inimigo
tinha medo de nós.
Eu ao fim de 17 meses fui ferido a norte de BISSORÃ, lá pelas 6,00
horas da manhã. Posso afirmar que fui o militar que na guerra do
ultramar devia ter tido mais sorte em não morrer. Eu ia á frente do
grupo e fomos atacados com armas ligeiras e pesadas, mais própriamente
é lançada uma granada foguete P-27 PANCEROVKA de 120 m/m de fabrico
checo. A granada bateu em mim e não explodiu, bateu-me a meio da perna
(coxa), claro que os ossos sairam logo, portanto fractura exposta, eu
ainda me levantei, agarrei nela e lançeia para uma vala junto á
bolanha, claro a pouca distância, porque julgava que iria explodir,
ela deitava fumo, e se assim fosse havia um ângulo maior para não
sermos apanhados. Fui evacuado para o Hospital de Bissau e 20 dias
depois para Lisboa.
Contraí uma chamada oiteíte crónica, doença sem cura e que de vez em
quando agudiza e tenho de ser aberto para raspagens, agora tenho um
antibiótico mais eficaz que aplico com mais sucesso.
Eu não era um operacional, era de Manutenção Auto mas era ao mesmo
tempo voluntário nas operações, achava que tinha o dever de ajudar os
meus camaradas, não me arrependo de ter feito o que fiz, sair com
frequência, tenho a alegria de ter a gratidão, ainda hoje dos meus
companheiros. Por estas atitudes fui condecorado com a Cruz de Guerra
de 4ª classe em 1966, assim como alguns camaradas da minha Companhia
no total de sete.
Daqui para a frente posso contar histórias mas de origem mais alegre,
cenas cómicas que nos aconteceu a todos.
Um abraço para a rapaziada do PELOTÃO DE CAÇADORES NATIVOS 60 em
especial de quem estou com mais afinidade neste momento o MANUEL
SELEIRO.
Nota:
Amigo Rogério bem vindo ao blogue do pel caç nat 60.
Sinta-se avontade nesta humilde Tabanca.

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3 comentários:

Anónimo disse...

Não ficava ninguém dentro do arame farpado? Então quem é que defendia o aquartelamento e as munições lá existentes?
Fui ex-combatente na Guiné e nunca vi deixar um quartel abandonado.
Os que ficavam dentro do aquartelamento, cercado por arame farpado, tinham as suas escalas de serviço e determinadas funções. Se existiam 4 Pelotões, 2 saiam para operações e os outros 2 ficavam, pois os militares tinham de ter periodos de descanso, e outros asseguravam as tarefas de rotina e a defesa do quartel.

António Manuel

Anónimo disse...

Eu tambem concordo.
Havia sempre alguem dentro do quartel.....se chamar-mos quartel.
Os cozinheiros, os escriturarios e outros mais! J.S.

Rogerio Cardoso disse...

Acho graça como ex combatentes, o Antonio Manuel e um anónimo (para a outra vez não te envergonhes e diz o nome), não têm a sensibilidade de perceber que a frase "ninguém dentro do arame farpado" é uma forma de expressão. Claro que o pessoal para manter em segurança o aquartelamento era intocável.O que eu queria dizer,era que ao contrário de algumas companhias a Cart.643 não se acomodava.
Um abraço e obrigado pela participação,Rogerio Cardoso