sábado, 7 de novembro de 2009
Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74-P14: Chão que nós pisamos!
Mensagem do nosso camarada Bernardino Parreira Fur Mil da CAV. 3365-s. Domingos 71/73
Com data de 07-11-2009
Chão que nós pisamos!
Camarada Manuel Seleiro,
Fiquei muito sensibilizado ao ler, no teu blogue, a descrição do
acidente que sofreste. Tendo lá assistido a alguns acidentes ocorridos
em idênticas circunstâncias, posso garantir-te que me parecia que
estava a rever essas tragédias passados 38 anos. Eu era um dos
furrieis do pelotão comandado pelo Alferes Fortuna, dirigente da ADFA,
que numa saída para o mato, quando ele procedia à desmontagem de uma
mina, que estava armadilhada, a mesma explodiu. Não vou entrar em
pormenores, porque isso só ele poderá fazer, mas terei para sempre
gravadas na minha memória essas imagens de horror. Ele também perdeu a
visão.
Pelas datas, dá-me ideia que tu estavas a acabar a comissão na Guiné
quando ocorreu o acidente. Só quem passou por aquela maldita guerra
sabe o medo que tinhamos das minas, principalmente nos últimos meses
de comissão, que parecia que o tempo nunca mais acabava. Eu estive
cerca de 24 meses na Guiné, entre 71/73 , e regressei em Março/73.
Nas saídas para o mato, quer de dia quer de noite estive inúmeras
vezes sentado nos marcos que referiste que íam pintar nesse fatídico
dia.
A sede do meu Batalhão, B. CAV. 3846, era em Ingoré, e a minha
companhia 3365 estava em S. Domingos, outra estava em Susana, e a
outra em Olossato.
A propósito dos marcos e da fronteira que nós tão bem conhecemos, aí
te envio uma notícia que não sei se tens acompanhado, que tem a ver
precisamente com esses marcos da divisão da linha de fronteira da
Guiné com o Senegal.
Um grande abraço deste amigo algarvio,
Bernardino Parreira
Resposta de Manuel Seleiro
Caro camarada Parreira, a nossa missão nesse dia era pintar os marcos que fazia a fronteira com o Senegal/Guiné Bissau.
O acidente do Alf Mil Fortuna foi no mesmo trilho onde ocorreu o meu...
Conheci o Fortuna em Barcelona/clinica Barraquer...
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UOL NOTÍCIAS
04/11/2009 - 19h46
Militar guineense descarta litígio com Senegal por fronteira
Bissau, 4 nov (Lusa) - O chefe do Estado-Maior Geral das Forças
Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau, José Zamora Induta, afastou nesta
quarta-feira qualquer hipótese de conflito com o Senegal, mas insistiu
na necessidade de a fronteira entre os dois países ser respeitada.
"Hoje, no mundo em que estamos, não há hipótese de haver litígios por
causa da delimitação da fronteira, porque os marcos, felizmente,
quando foram feitos têm as coordenadas, mesmo tirando um pilar do
lugar, com GPS consegue-se localizar o lugar. Não há hipótese de haver
problema", explicou o contra-almirante.
Induta fez estas declarações em Suzana aos jornalistas que o
acompanharam em uma visita aos militares guineenses estacionados desde
17 de outubro ao longo da linha de fronteira com o Senegal, entre as
localidades de Ingore, Sedengal, São Domingos e Suzana.
Perguntado pela Agência Lusa sobre o pilar 184, que tem sido o motivo
da discórdia entre Guiné-Bissau e Senegal com cada um dos países que
afirmam que o marco se encontra dentro de seu território, Induta disse
ser necessário ir ao local para que se saiba em que parte o pilar está.
De acordo com o militar, apenas a comissão mista recentemente sugerida
entre os ministros da Defesa dos dois países poderá esclarecer onde se
encontra o pilar 184 e qual sua distância em relação à fronteira
traçada pelos colonos.
"É por essa razão que criamos a comissão mista, para que possamos
saber, efetivamente, onde é que se encontra esse pilar. Não há motivos
para confusão porque esses pilares todos têm coordenadas e, com
aparelho GPS, vamos chegar lá", disse Induta, ao responder à pergunta
da Lusa sobre a localização do marco 184, sobre se está localizado na
parte guineense ou em território senegalês.
Para o chefe das Forças Armadas guineenses, a disputa entre a
Guiné-Bissau e o Senegal "não se trata de um litígio", mas sim visa o
esclarecimento sobre a soberania de cada Estado.
"Eu não chamo isso de litígio. Como disse, a presença do Estado
guineense desde a independência tem sido fraca, de forma que há marcos
que delimitam a fronteira e eles têm que ser vigiados. Não tivemos a
presença devida como devia ter sido e, neste momento, estamos à
procura desses marcos e repô-los nos lugares certos, para que possamos
ter a noção exata do nosso território", afirmou o militar. Sobre a
data em que a comissão mista irá ao terreno para analisar os marcos e,
eventualmente, repô-los em seus devidos lugares, Induta disse que o
assunto compete aos dois governos, mas esclareceu que as Forças
Armadas pretendem agilizá-lo.
Enquanto a comissão não for ao terreno e as partes não chegarem a um
consenso sobre os marcos que terão que ser repostos em seus
respectivos lugares, o chefe das Forças Armadas guineenses afirmou que
os militares do país permanecerão no corredor Ingoré/Varela.
"Os militares estarão cá até quando for entendido que já não devem cá
estar", defendeu Induta.
do UOL Notícias
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