(Pel Caç Nat 60 )

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 -P53: Notas Soltas.



Notas soltas:

Guiné, Ingoré ano de 69.
Uma pequena história, de um grande homem.
Pirróne era o seu nome, condutor auto de especialidade da companhia de caçadores 1801…
Conheci-o em Ingoré quando da ida do pelotão de caçadores nativos 60 para aquele quartel.
Era uma pessoa calma mas de uma compleição física fora do comum era alto e de uma força física sem igual…
Normalmente quando saía em coluna auto na GMC que lhe estava atribuída, nunca conduzia dentro da referida viatura.
Durante as picagens conduziam só com um pé no acelerador e resto do corpo fora da GMC este modelo creio que era o mais antigo, o tejadilho era de chapa e o banco do condutor era um saco de areia.
Nunca vi este homem de camuflado, o seu fardamento abitual era uns calções, uma camisa número 2 e chapéu de palha, por vezes andava de chinelos…
O Pirróne era temido, e respeitado desde o soldado, ao Capitão.
Amigo do seu amigo, mas quando as coisas corriam para o torto, atenção! O Pirróne não perdoava.
Segundo a versão que corria entre os camaradas do Pirróne quando da passagem da 1801 pelo Cacheu, a companhia passou ali a noite quando seguia para Ingoré.

Ainda era o velho quartel junto ao Rio, nessa noite ouve um grande ataque ao quartel do Cacheu…
As instalações eram pequenas para duas companhias, ouve muita confusão e muitos feridos com gravidade.
Ouve dois homens da 1801 que se destacaram, um dos soldados subiu para o terraço do edifício, e de metralhadora MG em punho varria toda a zona da capela, onde estava um canhão sem-recuo.
O Pirróne saío do quartel sozinho levou consigo o cinturão cheio de granadas de mão, e a G3 e partiu pela rua principal do Cacheu em direção onde se realizava o mercado e assim foi progredindo, rajada a esquerda e a direita uma vez por outra lançava uma granada para progredir no terreno.
Foi assim que o IN foi abrandando o fogo na direção do Quartel, o soldado da MG foi condecorado e o Pirróni exibia varias cicatrizes no rosto.
O quartel de Ingoré, tinha dois destacamentos, o do Sedengal, o da Totinha, o Pirróni foi destacado para o Sedengal, por três meses.
Passados 36 dias da sua presença ali os camaradas que se encontravam sentiam no Pirróne um líder, aproveitaram para contarem que as coisas sobre a comida andavam muito mal.
Depois de fazer algumas investigações junto do cabo do depósito de géneros e do cozinheiro, chegou a conclusão que havia bacalhau e batatas para fazer uma vez por semana coisa que não acontecia a muito tempo.
Houve uma reunião na caserna com cerca de 20 soldados com o Pirróne como chefe, a decisão tomada foi de falar com o Alferes comandante do destacamento.
Foi dado um prazo ao Alferes, de três dias para dar uma refeição de batatas com bacalhau…
Mais foi dito se tal não viesse acontecer o Pirróne saía do Sedengal com os homens que o quisessem acompanhar até Ingoré.
Ao terceiro dia na refeição do almoço não foi o que eles esperavam.
Depois de uma curta reunião no refeitório cerca de 14 homens comandados por o Pirróne formaram em frente ao comando, armado, e de camuflado onde o pirróne deu as vozes de comando aos homens.
Informou o Alferes que iam partir em coluna até Ingoré onde chegaram por volta das 16horas…
Chegados a Ingoré…
Soldados, oficiais e sargentos do quartel de Ingoré ficaram todos com curiosidade em saber o que tinha acontecido!
Lá estava o Pirróne com os seus 14 homens mandou pôr os soldados em sentido, e apresentou-os ao Capitão. O capitão deu ordem para ficarem a vontade e pediu que o Pirróne fosse ao seu gabinete.
Uma hora depois da conversa ter terminado foi feita uma coluna auto para levar um carregamento com géneros e os 14 homens para o destacamento do Sedengal.
Ninguém ficou a saber o que se passou no gabinete do capitão.

A escolta foi feita pelo pelotão de caçadores nativos 60.

Primeiro cabo Manuel Seleiro
DFA,

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