(Pel Caç Nat 60 )

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P:94 (Primavera)






ÉPrimavera meu (Amor!)



É Primavera agora, meu Amor!


O campo despe a veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!

Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor
Da vida... não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor!

Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheio a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, a tua espera...

Pus rosas cor-de-rosa em em meus cabelos...
Parecem um rosal!
Vem desprendê-los!
Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...

Florbela Espanca

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Manuel Seleiro,
1. ºCabo.
"Caçador"
(Guiné)
68/70
<"DFA"

terça-feira, 8 de março de 2011

Pel Caç Nat 60 Guiné 68/74 - P:93 Dia Internacional da "Mulher"






Rosa Vermelha


As Raízes de Nosso Amor



Amo-te porque tudo em ti me fala de África,
duma forma completa e envolvente.
Negra, tão negramente bela e moça,
todo o teu ser me exprime a terra nossa.

Nos teu olhos eu vejo, como em caleidoscópio,
madrugadas e noites e poentes tropicais,
visão que me inebria como um ópio,
em magia de místicos duendes,
e me torna encantado. (Perguntaram-me: onde vais?
E não sei onde vou, só sei que tu me prendes...)

A tua voz é, tão perturbadoramente,
a música dolente dos quissanges tangidos
em noite escura e calma,
que vibra nos meus sentidos
e ressoa no fundo da minh'alma.

Quando me beijas sinto que provo ao mesmo tempo
gosto do caju, da manga e da goiaba,
- sabor que vai da boca até às vísceras
e nunca mais acaba...

O teu corpo, formoso sem disfarce,
com teu andar desgoso, parece que se agita
tal como se estivesse a requebrar-se
nos ritmos da massemba e da rebita.
E sinto que teu corpo, em lírico alvoroço,
me desperta e me convida
para um batuque só nosso,
batuque da nossa vida.

Assim, onde te encontres (seja onde estivesses,
por toda a parte onde o teu vulto for),
eu te descubro e elejo entre as mulheres,
ó minha negra belamente preta,
ó minha irmã na cor,
e, de braços abertos para o total amplexo,
sem sombra de complexo,
eu grito do mais fundo de minh'alma de poeta:


Geraldo Bessa Victor

Manuel Seleiro,

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